São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeito de Anita Garibaldi aponta discriminação

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANITA GARIBALDI (SC)

Excluída do panorama de prosperidade de Santa Catarina, Anita Garibaldi (a 350 km de Florianópolis) se sente discriminada pelo Comunidade Solidária.
O prefeito Antônio Mattos (PMDB), 62, diz acreditar em retaliação política. Peemedebista histórico, ele afirma que recebeu várias propostas, sempre recusadas, para ingressar no PFL.
"Fui convidado até pelo Bornhausen (Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL). Eles se ofereceram, inclusive, para pagar minhas dívidas de campanha."
Mattos reclama do governador Paulo Afonso, eleito pelo PMDB, com apoio de Bornhausen.
O secretário de Saúde, Adelino Dutra, 50, também fala em discriminação política.
"Se a secretária (Fernanda Bornhausen) incluiu Anita em algum relatório do programa, só posso dizer que ele é falso e que estão usando o nome do município indevidamente", afirma.
Segundo Dutra, o último repasse de verba do Ministério da Saúde para a cidade foi de R$ 15.811,20 em 21 de novembro de 1994, quando o Comunidade Solidária não existia.
A cidade tem os piores indicadores sociais de Santa Catarina. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, 5.175 dos 10.266 habitantes são indigentes e só 35% recebem água tratada.
Segundo mapa do Unicef, usado pelo Comunidade Solidária como referência para distribuição de verbas, 69,8% das crianças são sustentadas por chefes de famílias com renda de até um salário mínimo.
O prefeito Antônio Mattos estima que 10% da população abandonou a cidade desde o ano passado, fugindo da pobreza e da falta de perspectivas.
Critérios
A secretária de Estado de Desenvolvimento Social e da Família, Fernanda Bornhausen Sá, 33, diz que não houve favorecimento político na escolha das cidades beneficiadas pelo programa Comunidade Solidária em Santa Catarina.
Segundo ela, os critérios privilegiaram o aspecto geográfico -para atender todas as regiões onde estão os municípios pré-selecionados- e as cidades com assentamentos ou acampamentos de famílias de sem-terra.
Fernanda Bornhausen Sá afirmou que a cidade, mesmo sem ter sido selecionada, foi beneficiada pelo programa do leite.

Texto Anterior: Programa usou R$ 2,5 bi em 95
Próximo Texto: Cidade "rica" comemora
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.