São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Traficante é achado morto em prisão

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Jorge Luís dos Santos, 32, apontado pela polícia como líder do tráfico de drogas no complexo de favelas de Acari, na zona norte, foi encontrado ontem enforcado em sua cela, no Rio. Ele havia sido preso anteontem em Salvador (BA).
O diretor do ICE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), Mário Bonfatti, afirmou que "tudo indica" que Santos, conhecido como Jorge de Acari, se matou. A mulher do suposto traficante, Márcia, disse que ele havia tentado se suicidar "várias vezes". Ela disse que a última tentativa ocorreu há cerca de três anos.
Segundo policiais, Santos foi encontrado enforcado com sua camisa em cela individual da Divisão de Recursos Especiais da Polícia Civil, na Barra da Tijuca (zona sul), por volta das 5h30 de ontem.
Acusado de liderar sequestros e alugar armas para assaltos, entre outros crimes, ele havia sido preso no dia anterior, em Salvador, por agentes da DAS do Rio (Divisão Anti-Sequestro).
O diretor da Metropol (Polícia Metropolitana), Sérgio Caldas, disse que a polícia localizou Santos na capital da Bahia ao rastrear seus telefonemas. Ele teria sido preso em uma casa com piscina em condomínio de luxo de Itapoã.
Caldas afirmou que ele estava na casa com duas mulheres. Segundo o diretor da Metropol, detetives que foram esperar Santos no Aeroporto Internacional do Rio, ontem à noite, acharam-no "deprimido" com a prisão.
Santos foi colocado em uma cela individual, um cubículo com paredes de cimento e porta blindada. Havia mais dois presos em celas vizinhas. Segundo Caldas, nenhum dos presos e os policiais da unidade ouviram qualquer barulho suspeito.
Ex-fuzileiro naval, Santos teria se enforcado ao rasgar a camisa e fazer um nó de marinheiro. Segundo policiais, ele amarrou a camisa em uma grade que fica junto ao teto da cela e, após subir em uma elevação de cimento, se jogou.
Para o diretor do ICE, o suicídio teria ocorrido por volta das 24h30. Bonfatti disse que todos os indícios confirmam o suicídio, inclusive a posição como Santos foi encontrado. "Uma posição de alguém que se pendurou."
Outro indício, segundo Bonfatti: na cela foi encontrado um pedaço de corda de náilon, em que Santos teria simulado o nó que daria na camisa. O corpo também não apresentaria marcas de tortura. O resultado da perícia sairá em dez dias.

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