São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996
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Dissidentes vão se arrepender, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que os deputados que votaram contra a reforma da Previdência, por motivos eleitorais, "talvez se arrependam".
A ameaça foi feita pelo porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, que leu o comentário do presidente da República.
"Se alguns deputados votaram contra o relatório por motivos eleitorais, talvez se arrependam porque o governo se empenhará em esclarecer aos eleitores as consequências de cada um desses votos", disse Amaral.
Depois de ler a nota, o porta-voz afirmou que "opor-se às reformas não é um bom cálculo eleitoral" e que "os eleitores sabem quem está contra ou a favor das reformas".
Amaral negou que houvesse uma ameaça aos deputados. "Não é ameaça. É a convicção de que a sociedade apóia as reformas da Previdência e que elas são necessárias."
O porta-voz também não esclareceu de que forma o governo mostrará à sociedade como cada um dos deputados votou ontem.
Na nota, o presidente disse ainda que lamentava que, no dia em que a inflação atinge 0,4% ao mês, a menor em São Paulo desde 1973, "não tenha havido maioria no Congresso para aprovar uma reforma que é necessária para o Plano Real".
O porta-voz disse ainda que o governo está empenhado em assegurar que, no futuro, pensionistas e aposentados tenham os pagamentos a que têm direito.
O presidente, segundo a nota lida por Amaral, considera que a rejeição ao projeto do relator Euler Ribeiro "não põe fim ao processo de debate e discussão da votação da reforma porque o país precisa dessa reforma".
Reunião
Antes de o porta-voz ler a nota, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, disse que a rejeição do substitutivo do relator "não necessariamente atrasa a aprovação da reforma" e que derrotas como as de ontem "fazem parte do processo do legislativo" e "ocorreram por várias vezes na Constituinte".
Jobim estava com FHC numa reunião tratando sobre narcotráfico quando o presidente recebeu a notícia da rejeição ao substitutivo.
Segundo Jobim, FHC não reagiu "e continuou a tratar do outro assunto normalmente".

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