São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996 |
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Brasil quer combater consumo
RUI NOGUEIRA; FERNANDO GODINHO RUI NOGUEIRASecretário de Redação da Sucursal de Brasília FERNANDO GODINHO Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília Nas discussões entre os governos brasileiro e norte-americano sobre a política de combate ao narcotráfico, o Brasil tem levantado uma questão que, primeiro, irritou e constrangeu os americanos e, agora, começa a ganhar aceitação. O Brasil e outros países latino-americanos -os que são produtores ou rotas de escoamento das drogas- estão exigindo que o governo norte-americano tenha uma política mais consistente para inibir o consumo. Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de drogas em todo o mundo. Essa cobrança por uma política que iniba o potencial de crescimento do mercado consumidor aparece como um incômodo contraponto à idéia simplória do governo norte-americano que prega uma ação policial extensiva dos órgãos de repressão dos países produtores, envolvendo, inclusive, as Forças Armadas. Nas reuniões, brasileiros, colombianos, bolivianos, peruanos e venezuelanos têm mostrado que, enquanto o mercado consumidor tiver a demanda atual, os produtores e traficantes de drogas terão nessa demanda o incentivo principal de suas atividades. Nas últimas reuniões, em debates promovidos pelas agências de financiamento de políticas de combate ao narcotráfico (Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial etc.) e em fóruns especializados sobre o problema social, os administradores norte-americanos já admitem a importância que o mercado consumidor tem no ciclo do narcotráfico. Da parte do governo brasileiro, o presidente Fernando Henrique Cardoso discute com as Forças Armadas a sua participação no combate ao narcotráfico. Arredios ao envolvimento direto nesse combate, sob o argumento de que essa não é uma tarefa constitucional, as Forças Armadas tendem a aceitar o serviço sob a ótica de que o poder do narcotráfico transformou-se em uma ameaça à integridade e segurança nacional. Pelo menos da região Amazônica, os militares vão agir em programas de repressão antidrogas. Texto Anterior: A punição da droga Próximo Texto: Uê ganhava R$ 100 mil por semana Índice |
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