São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996
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Tow-in 60 pés

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Certa vez, ainda menor, caí numa roubada no Rio e tive que dormir em uma cama improvisada na minha Variant.
Inconsequente, estacionei em frente ao Clube de Regatas Flamengo, na Lagoa Rodrigo de Freitas, e fui acordado no meio da madrugada pela frase: "Vai morrer gente", proferida por um suposto assassino. Sobrevivi.
Conversei com amigos que estiveram no Havaí nas últimas semanas e documentaram e surfaram o que me parece ter sido o advento da temporada: o surfe à reboque, tow-in, onde o surfista, puxado por uma corda presa a um jet ski, é projetado na onda. Eraldo Gueiros, Rosaldo Cavalcanti e Tony Fleury fizeram lembrar meu fantasma da adolescência, com unânimes: "vai morrer gente".
Há três anos, alguns "watermen" descobriram que jaws, um point break oceânico próximo a Hookipa, na Ilha de Maui, Havaí, era possível de ser surfado com o auxílio do jet ski. Área de windsurfe, os velejadores foram os primeiros a se aproximarem dessas ondas gigantes.
Esses caras foram pioneiros no que já pode ser considerado uma epidemia entre os big riders de todo o mundo.
O resultado é que, dois invernos após as primeiras imagens registradas nas revistas especializadas, que deixavam todos intrigados como o cara podia estar surfando aquela morra de 35, 40 pés, a coisa caiu no domínio público.
Os out sides do North Shore agora começam a ficar cheios de jet skis e surfistas. Hammer Head, Mokulaea, Marijuana's.
As vantagens do tow-in começam pela possibilidade de surfar ondas maiores do que as que chegam aos breaks mais próximos da costa, com pranchas bem menores -uma vez que não é necessário remar-, passam por dividir ondas com menos gente.
As desvantagens começam por sufocos muito maiores e vão até a falta de experiência.

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