São Paulo, sábado, 9 de março de 1996 |
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FHC vai promover punições exemplares
JOSIAS DE SOUZA
A reunião ocorreu no Palácio da Alvorada. Começou às 22h de quinta-feira e só terminou nos primeiros minutos da madrugada de ontem. A lista de retaliações já está sendo elaborada. As primeiras decisões, comunicadas pessoalmente pelo presidente, são as seguintes: 1) O deputado Paulo Heslander (PTB-MG), que votou contra o projeto de reforma da Previdência, vai perder a diretoria de Operações da Telemig, subsidiária da Telebrás em Minas Gerais. Será demitida do cargo Heleni de Melo Fonseca Couto, identificada nos arquivos da Câmara como mulher de Heslander. 2) O deputado Vicente Cascione (PTB-SP), que também votou contra a proposta da Previdência, perderá duas diretorias da Codesp (Cia. Docas do Estado de São Paulo), empresa vinculada ao Ministério dos Transportes. Um dos demitidos será o diretor Administrativo, Carlos Eduardo Magano. 3) Serão punidos integrantes das bancadas governistas da Paraíba e de Rondônia. Os parlamentares desses Estados votaram em peso contra o governo. Haverá entre três e seis retaliações, a definir. Na Paraíba, um dos castigados deve ser o deputado Cássio Cunha Lima (PMDB). Seu pai, senador Ronaldo Cunha Lima, é coordenador da bancada no Congresso. 4) Os senadores tucanos Osmar Dias (PSDB-PR) e Jefferson Peres (PSDB-AM) serão convidados a deixar o partido. Fernando Henrique mandou dizer a eles que devem procurar imediatamente outra legenda. Do contrário, terão sua ação política asfixiada pelo Planalto. Ambos assinaram o documento de convocação da CPI dos Bancos. 5) FHC mandou que fossem levantados os nomes de deputados tucanos que, por razões eleitorais, votaram contra o governo na Previdência. Disse que fará o que estiver ao seu alcance para impedir que obtenham êxito nas eleições municipais de 3 de outubro. Estavam na reunião do Alvorada os líderes José Aníbal (PSDB), Luiz Carlos Santos (PMDB) e Inocêncio Oliveira (PFL), além de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), presidente da Câmara, e Nelson Jobim, ministro da Justiça. As retaliações servirão para sinalizar que FHC tratará os "traidores" segundo a lei de talião. O Planalto quer dizer que será olho por olho, dente por dente. Simultaneamente, o governo deflagrará estratégia para recompor sua base. Recomendou-se aos líderes que ouçam, um por um, todos os dissidentes. A idéia é anotar os seus pedidos e remetê-los ao Planalto. A maioria deve ser atendida. A estratégia do governo começa a surtir efeito. O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) informou que, na segunda-feira, irá retirar seu nome do abaixo assinado que pede a convocação da CPI dos Bancos. Tomaram-se outras duas decisões. A primeira: no dia 20 de março, uma quarta-feira, o tema Previdência volta ao plenário da Câmara. Será ressuscitado o projeto original do governo, bem mais radical do que o que foi rejeitado nesta semana. Pretende-se amaciar a proposta incorporando a ela emendas de parlamentares de vários partidos. A segunda deliberação: será intensificado o esforço para dinamitar a CPI dos Bancos. Os partidos governistas estão proibidos de indicar membros para a comissão. O Planalto pressiona para que outros parlamentares sigam o exemplo de Carlos Bezerra, retirando seus nomes da lista de convocação da CPI. Texto Anterior: Festa de Inocêncio reúne governistas Próximo Texto: Presidente cobra apoio Índice |
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