São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Juro dos EUA sobe e abala mercados

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A Bolsa de Valores de Nova York fechou ontem em forte baixa. Foi o reflexo da elevação dos juros dos títulos de 30 anos, que bateram de 6,71% contra 6,45% na véspera.
Os juros subiram depois do anúncio do crescimento do número de empregos gerados em fevereiro (705 mil).
O índice Dow Jones (que mede a variação do preço das ações em Nova York) caiu 171,24 pontos (3,04%), fechando em 5.470,45. Pouco antes do meio-dia, o índice recuou 200 pontos, o que não acontecia desde outubro de 1987.
O crescimento no número de empregos em fevereiro foi duas vezes maior do que os analistas haviam previsto. Desde 1983, não havia registro da criação de tantos empregos novos em um só mês.
O anúncio do aumento no número de empregos desagradou os investidores porque, com a notícia, as chances de o Fed (banco central dos EUA) voltar a cortar as taxas primárias de juros são mínimas. O mercado se antecipou e subiu as taxas dos títulos de 30 anos.
A próxima reunião do Fed para decidir sobre os juros está marcada para 26 de março.
Juros
Segundo analistas consultados pela Folha, qualquer sinal da economia que desestimule a queda dos juros tem impacto negativo no mercado de ações.
"Aumento no número de emprego é uma boa notícia para o país porque mostra que a economia está crescendo, mas para os investidores da Bolsa é um péssimo negócio", disse à Folha Casey Jones, da corretora Salomon Brothers.
Nos últimos meses, o Fed cortou a taxa de juros três vezes para evitar que a economia norte-americana entrasse em recessão.
Quando a taxa de juros cai, há uma migração de capital para a Bolsa de Valores e outros investimentos de risco porque os rendimentos das aplicações de renda fixa diminuem.
Em julho passado, o Fed cortou a taxa de juros pela primeira vez desde fevereiro de 1994, provocando uma série de altas na Bolsa de Valores de Nova York. A expectativa dos investidores era de que houvesse corte na próxima reunião.
Com o anúncio da criação dos 705 mil novos empregos não-agrícolas no mês passado e a queda na taxa de desemprego de 5,8% em janeiro para 5,5% em fevereiro, o Fed deverá manter os juros.
"Na verdade, temos que torcer agora para que a economia não cresça demais e para que a inflação continue sob controle. Porque, se houver sinais de que o ritmo de crescimento está acelerado, o Fed pode até aumentar os juros", disse.
Brasil
Os títulos da dívida externa brasileira caíram fortemente. O C-Bond, título mais negociado, caiu para 0,5488, mesmo patamar de 21 de dezembro. No início da semana, este título valia 0,6250.

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