São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Fórmula 1 elege novo herói hoje à noite

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

À meia-noite, a F-1 começa a responder quem será o novo herói das pistas. O GP da Austrália, prova de abertura do Mundial da categoria, dá a largada em Melbourne e dirá quem vai virar abóbora ao longo da temporada de 1996.
O primeiro candidato a vegetal é justamente o piloto de maior talento na atualidade. O bicampeão mundial Michael Schumacher se transferiu para a Ferrari em busca de um desafio, neste momento, maior que qualquer título.
Contratado por US$ 50 milhões, o alemão tem a difícil missão de deixar os carros de Maranello em condições de conquistar vitórias e campeonatos.
Essa pretensão trabalhou a favor da categoria que, desde a morte de Ayrton Senna, não produziu rival à altura de Schumacher.
E, hipoteticamente, a categoria mais importante do automobilismo internacional encontrou o equilíbrio, mesmo que forjado.
A nova ordem, porém, não pôde suplantar o favoritismo técnico da equipe Williams. Seus dois pilotos, Damon Hill e Jacques Villeneuve, só não subirão ao pódio se padecerem de falta de sorte ou de habilidade.
É justamente esse ponto que ameaça, mesmo que levemente, o time de Frank Williams. Villeneuve faz sua corrida de estréia na categoria e não é desprezível sua chance de cometer erros.
As estatísticas concorrem contra o canadense. Apenas dois pilotos venceram seus primeiros GPs, mesmo assim, em épocas bem mais românticas: os italianos Giussepe Farina, na Inglaterra, em 1950, e Giancarlo Baghetti, na França, em 1961.
Hill, por sua vez, carrega o estigma de dois vice-campeonatos, o último deles, recheado de bobagens que lhe custaram o título.
Além dos sobrenomes de peso, tanto Hill quanto Villeneuve sofrem a pressão de comporem o melhor time da F-1 atual. Um sucesso é esperado. Um fracasso seria imperdoável.
Essa ponto fraco da Williams pode, também, alçar pilotos de outros times ao panteão. Nessa lista, se for levado em conta os desempenhos dos treinos livres australianos, Jean Alesi aparece com força.
Com um Benetton, o francês foi o mais rápido após os Williams. Mas luta contra uma fama de azarado, que só lhe permitiu uma vitória em 102 GPs disputados.
Sem contar Schumacher, a lista desse segundo pelotão inclui também o brasileiro Rubens Barrichello. O piloto da Jordan depende, no entanto, mais do desempenho dos outros do que de si mesmo.
Uma situação incomoda, já que Barrichello carrega as esperanças do público brasileiro que, realista, despreza as chances dos outros dois representantes nacionais, Pedro Paulo Diniz e Ricardo Rosset.
O rol de aspirantes a herói da F-1, de fato, não é extenso. Mas não se limita a um único piloto, como vinha acontecendo nas últimas temporadas.
E, para o vencedor do GP da Austrália, que teria o grid de largada definido na noite de ontem, sobraria ainda a favorável escrita dos últimos seis anos.
Em todas essas temporadas, o vencedor da primeira prova do campeonato acabou com o título.
Talvez um indício da falta de equilíbrio que a F-1 persegue com tanto afinco.

NA TV - Globo, 0h, GP da Austrália

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