São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Fórmula patafísica

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Pai Ubu é o rei da F-1. Pelo menos no manual de programação da Globo, que coloca "Cacá" Rosset como um dos três brasileiros na categoria.
Pai Ubu salvaria a madrugada, chamando Schumacher de chucrute e fazendo Villeneuve se iniciar na vida beijando a espiral da Mãe Ubu.
Mas Pai Ubu não estará em Melbourne. O máximo que poderá fazer é vencer as eleições municipais e trancar o atual prefeito em seu Jaguar, no meio da marginal, em dia de chuva, para que ele sinta o progresso -do nível do Tietê.
Assim, estaremos a mercê de Damon Hill e seu Williams, Alesi e Berger na Benetton, rezando por (ou praguejando) Barrichello, esquecendo da McLaren.
Vivemos a guerra de audiência, a guerra das cervejas, a guerra das categorias. Dizem que quem ganha é o público, mas gostaria de saber por que quem faz mais propaganda é louvado e quem vende mais barato é punido.
A Indy saiu perdendo no último domingo. A chuva, de novo, estragou a festa. Como nas inundações, a água leva a culpa. Regulamentos e políticas idiotas se escondem, são só detalhes.
A F-1, hoje, concorre com colunistas sociais, facas guinzu, peitos e bundas do cine privê. A parada seria fácil, se ainda existissem os heróis nacionais.
Mas não é o caso. E devemos fazer como os europeus, que babaram por 20 anos, vendo seus representantes serem superados por pilotos do exótico país do futebol.
No meio do jogo contra a Argentina, fico animado. Não só pelo empate súbito, mas porque Galvão anuncia o especial sobre os 25 anos do GP Brasil.
Pego a fita, ponho no vídeo e espero. A uma da manhã, finalmente, o programa começa. Bem feito, Reginaldo em grande forma. Pena que é só meia hora.
No dia seguinte, procuro no tal manual de programação quando serão os outros três episódios. Me deparo com Pai Ubu. Quem tem medo da Indy?

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