São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Biografia acusa Hergé de nazista

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Hergé, criador das histórias em quadrinhos de Tintin, colaborou com a imprensa nazista belga e publicou desenhos anti-semitas. Ele justificaria assim seu anti-semitismo: "Estava na moda."
Uma biografia lançada esta semana na França revela mais detalhes sobre o colaboracionismo de Hergé. Em "Hergé" (ed. Plon), Pierre Assouline mostra um Hergé carrerista e indiferente à política.
Hergé foi o pseudônimo que Georges Remi (1907-1983) adotou a partir de 1924, criado a partir da pronúncia em francês das suas iniciais invertidas (R.G).
Aos 20 anos, Hergé passa a trabalhar no "Petit Vingtiè me", suplemento infantil do jornal conservador "Vingtiè me Siècle".
Tintin, o repórter que usa calças de golfe, investiga casos policiais e que jamais escreveu uma reportagem, é criado em 1929.
Em 1936, o sucesso é tamanho que Louis Casterman, o editor de seus álbuns, planeja lançar uma linha de produtos Tintin. Por volta da mesma época, o suplemento infantil que Hergé dirigia publica histórias antisemitas.
Nas histórias de Tintin, aparecem vilões judeus em caricaturas. Quando começa a faltar papel para elas, Hergé negocia privilégios diretamente com os alemães.
Hergé foi preso quatro vezes no final da guerra, mas só dormiu um dia na cadeia. Perdeu direitos civis e de trabalho até 1946. Morreu de leucemia.

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