São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Peres perde chance de reação

DA REDAÇÃO

Ao deixar que Iasser Arafat saísse na dianteira na defesa da realização da cúpula sobre terrorismo, o premiê de Israel, Shimon Peres, perdeu o fato político que poderia reverter as dificuldades que enfrenta no processo eleitoral de seu país.
Ao contrário, a onda de atentados mostrou Peres paralisado, perdendo espaço para Binyamin Netanyahu, que representa o medo que os eleitores tem de extremistas.
Por isso, nesta semana, pela primeira vez o Likud (de Netanyahu) passou à frente dos trabalhistas nas pesquisas eleitorais. Ontem, o jornal "Yediot Ahronot" mostrou Netanyahu com 49% das intenções de voto, contra 46% de Peres.
Antes da onda de atentados, Peres tinha vantagem tranquila.
Já Arafat conseguiu sair-se da melhor maneira possível dos incidentes dos últimos dias.
Primeiro porque, convocando a cúpula, ele se livra de vez da imagem de líder terrrorista que o cercou até os anos 80 e se apresenta como um líder mundial influente.
A cúpula serve ainda para manter vivo o processo de paz -crucial para a sobrevivência de Arafat- e representa um duro golpe para o Hamas, seu principal adversário.
Mas para Afarat, a longo prazo, uma reação política de Peres seria melhor. O líder palestino tem em Peres seu principal aliado, e uma vitória de Netanyahu pode engessar a paz nos próximos anos.
Arafat sabe disso e torce muito pela vitória de Peres. Por isso, a reunião de quarta-feira é uma chance para o premiê reagir.

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