São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Egito define encontro antiterror

Clinton presidirá reunião de 30 países

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Egito anunciou ontem que vai sediar, na próxima quarta-feira, uma reunião de cúpula para tratar de terrorismo e paz no Oriente Médio.
O encontro foi mencionado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, durante a sessão inaugural do Conselho Palestino, anteontem, e imediatamente apoiada por Israel -país em que ocorreram os ataques do Hamas, nos últimos dias, que motivaram a reunião.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, já confirmou sua presença -o que garante legitimidade à reunião. Ele vai comandar o encontro, ao lado do presidente do Egito, Hosni Mubarak.
O grupo fundamentalista islâmico Hizbollah divulgou um comunicado acusando a cúpula de representar "a arrogante hegemonia norte-americana sobre a nossa região e a consagração do controle israelense sobre ela".
Líderes de 20 a 30 países devem comparecer ao balneário de Sharm el Sheikh, no mar Vermelho.
Para o secretário de Estado (chanceler) dos EUA, Warren Christopher, os principais objetivos do encontro serão "restaurar o processo de paz, condenar o terrorismo e organizar um esforço internacional contra ele".
Israel disse que pode aproveitar a cúpula para firmar com os EUA um acordo de luta comum contra o terrorismo. O governo de Israel pediu mais ações de Arafat.
Yigal Carmon, um dos maiores especialistas israelenses em análise do terrorismo, criticou a reunião. Para ele, medidas mais eficientes seriam tomadas em uma negociação bilateral.
Repressão
No campo prático, Israel e a Autoridade Palestina mantiveram ontem a repressão contra o Hamas.
A polícia palestina prendeu em Gaza Mahmud Zahar, o líder político do grupo islâmico. O Hamas disse que a prisão foi arbitrária, e que Zahar só foi detido por ter feito críticas à Autoridade Palestina.
Israel proibiu a pesca nas costas da faixa de Gaza, para evitar que militantes procurados pela polícia escapem pelo mar.
A medida aumenta o isolamento dos 2 milhões de habitantes da região, uma das duas que constituem os territórios sob administração palestina (a outra é a Cisjordânia).
As fronteiras entre os territórios autônomos e Israel estão fechadas desde o primeiro dos quatro atentados suicidas, no último dia 25.
Na Cisjordânia, o Exército israelense dinamitou a casa do autor de um dos atentados suicidas. Raed Abd el Karim Sharnub havia explodido um ônibus em Jerusalém, matando outras 18 pessoas.
A casa da família dele, no povoado de Burka, foi destruída. Uma casa vizinha também ficou danificada. A população local protestou contra a atitude dos militares.

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