São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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NA PONTA DO LÁPIS

MARCELO LEITE

Há duas semanas, esta coluna elogiou uma manchete "desestatizada" da Folha sobre os 219 assassinatos do Carnaval paulista. Havia porém um erro na reportagem publicada em 22 de fevereiro: os homicídios tinham crescido 18% sobre 1995, não 42%.
O erro foi corrigido pela Folha dois dias depois, numa reportagem em que se atribuía o equívoco à Secretaria de Segurança Pública.
Na terça-feira seguinte, o ombudsman foi procurado pela assessoria de imprensa da secretaria. A jornalista Vera Freire admitia que tinha passado a informação errada, mas argumentava que minutos depois ligou de novo para o repórter Antônio Rocha Filho para desfazer a confusão.
A taxa era menor porque este ano o levantamento foi feito com um dia a mais, cinco (incluindo a sexta-feira). Foi isso que ela acreditou ter explicado ao repórter.
Na versão de Rocha Filho, Freire teria informado que somente 12 horas (das 7h às 19h de sexta) tinham sido acrescentadas. "A mudança não era significativa, uma vez que a grande maioria dos crimes ocorre à noite", diz o editor Vaguinaldo Marinheiro.
Não há como avançar na apuração do mal-entendido. Fica palavra contra palavra.
"Foi uma falha não informar o período exato do levantamento", concede a secretária de Redação Eleonora de Lucena. Ela argumenta que não há como publicar erramos para dividir a responsabilidade com a Secretaria de Segurança, pois não tem certeza de que o jornal errou.
Lição a tirar: é muito arriscado fazer esse tipo de reportagem por telefone.

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