São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Trabalho toma 44% dos dias da semana

BETINA BERNARDES; LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O trabalho consome em média 44% do tempo nos dias úteis dos dez profissionais acompanhados durante duas semanas pela Folha. Isso corresponde a 10 horas e 35 minutos de trabalho diário.
"O problema não é o número de horas", diz o professor Luiz Augusto Mardegan, 40. "A questão é que, para cada aula, o professor gasta, em média, uma hora de trabalho em casa, para preparar o assunto, corrigir provas e ler."
Mardegan leciona filosofia, matemática e física e trabalha em média 11 horas por dia. Ensina nos colégios Logos e Oswald de Andrade. Até semana passada, também era sócio do Plural Vestibulares, que fechou "junto com a falência da classe média", como ele explica.
Além das aulas, o professor faz um curso de complementação na Faculdade de Filosofia da USP e participa de uma Infovia BBS Educacional. "Falta tempo até para me manter atualizado", diz. "No ano passado, cheguei a ficar doente, ia dormir às 2h e acordava às 6h."
Seus momentos de lazer não chegam a 30 minutos durante a semana. "Lazer tem se resumido a ficar com meus filhos (Gustavo, 2, e Gabriel, 5 meses) e a mexer na Infovia, que é algo novo, que me dá prazer", conta.
Márcio Artiaga, 26, diretor-executivo da Business School São Paulo, dedica ao trabalho cerca de 13 horas do dia. Sua jornada começa às 9h e raramente termina antes das 22h. Márcio não costuma sair da empresa para almoçar. Pede lanches por telefone ou come na lanchonete do prédio do escritório.
"Estou trabalhando muito, mas isso é porque o ano só começa de fato depois do Carnaval", diz. "Não me incomoda ficar tanto tempo no escritório porque mexo com Internet e isso me agrada."
Insatisfação
Já o empresário Artur Ribeiro, 40, dono de uma metalúrgica e de uma empresa de táxi aéreo, trabalha cerca de 12 horas por dia e se diz "totalmente insatisfeito" com essa carga horária. "Minha meta é trabalhar de 4 a 5 horas", afirma.
"Estou esperando que a economia fique mais estável, principalmente no que se refere à comercialização, para dar mais atenção a minha qualidade de vida."
O arquiteto e decorador William Maluf, 42, se considera um privilegiado. "Posso fazer meu horário. E não tenho uma rotina muito fixa."
Maluf é dono de escritório que faz projetos de arquitetura e decoração. Atualmente, ele tem cerca de 20 obras, divididas entre São Paulo, interior do Estado e Miami (EUA).
Pela manhã, vistoria obras e, à tarde, fica no escritório recebendo clientes. "Tenho planos de um dia trabalhar até quinta-feira em São Paulo e o resto dos dias ficar no Guarujá, onde tenho casa."
BETINA BERNARDES E LUCIA MARTINS

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