São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Jornada menor não abre mais vagas

LUÍS PEREZ

LUÍS PEREZ; MARCELO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas afirmam que redução e flexibilização das horas trabalhadas evita onda de demissões, mas não cria empregos

Defendida em uníssono por líderes sindicais, a redução e flexibilização da jornada de trabalho é apontada por especialistas não como uma forma de gerar novos empregos, mas de evitar demissões.
"O problema é que o avanço tecnológico tira mais empregos do que a redução da jornada cria", afirma Jefferson José da Conceição, 34, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP).
"É uma saída livre de sofrimento. Na França, discute-se a redução semanal para apenas 36 horas", conta o advogado Paulo Sergio João, 46, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). No Brasil, a menor jornada é 40 horas (Scania).
A lei prevê a redução da jornada, afirma Liliana Polido, 33, advogada do Grupo IOB. Mas só por intermédio de acordo ou convenção. "É preciso crescimento econômico para gerar empregos de fato."
Sua tese bate de frente com a do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, 39. Segundo ele, "o que tem acontecido é o contrário".
Mas, enquanto na Europa a redução é fato consumado, no Brasil essa discussão começou há pouco tempo. "Lembro que três anos atrás falei sobre redução de jornada e foi pancadaria para todo lado", diz Luiz Antônio de Medeiros, 48, presidente da Força Sindical.
Pelo menos dez empresas da região do ABCD já implantaram a redução da jornada desde setembro do ano passado, quando a Ford, de São Bernardo do Campo (SP), anunciou acordo com o sindicato.
"Trabalhando menos e não fazendo hora extra, a produção cai, os estoques ficam baixos e a empresa reduz custos sem ter de demitir", afirma Heiguiberto Navarro, presidente do sindicato.
A onda de demissões no ABCD começou no final de 95. Dez mil postos de trabalho foram cortados em sete meses.

Colaborou Marcelo Moreira, da Agência Folha, no ABCD

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