São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Ex-atleta faz 'arqueologia'

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para desencavar a história do atletismo nacional, foi preciso "uma verdadeira arqueologia jornalística", segundo Clara Mueller, que já foi jornalista.
(AFt)
*
Folha - Exemplifique uma dificuldade encontrada.
Elisabeth Clara Mueller - Nos anos 60, no prédio das federações paulistas, houve um incêndio, talvez intencional -havia algumas coisas de orçamento escondidas. Tudo queimou: súmulas, fichas de atletas.
Na Federação Carioca, um general mandou fazer uma fogueira com o arquivo, achando que aquela papelada só fazia poeira.
E a Federação Gaúcha guardava tudo em um banheirinho. Com a umidade, acabou apodrecendo.
Folha - Como a sra. vê o atletismo de hoje?
Mueller - Antes, havia espírito de equipe. Hoje, o atleta entra na pista, corre, pega seu material e vai embora. Não quer saber se outros brasileiros foram bem.
Folha - A sra. não está sendo apenas nostálgica? O profissionalismo de hoje não democratiza o acesso ao esporte?
Mueller - Não, porque eu também lutei com muita dificuldade. Na minha época, já havia muitos atletas humildes. Vi alguns que recebiam leite e não o tomavam para dá-lo aos filhos.

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