São Paulo, domingo, 10 de março de 1996 |
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Poupança vinculada não "emplaca" MAURO TEIXEIRA MAURO TEIXEIRA; RODRIGO AMARAL
e RODRIGO AMARAL Seis meses após sua criação, a caderneta de poupança vinculada à compra de imóveis ainda não "emplacou" e traz poucas perspectivas de alívio à falta de financiamentos para a casa própria. A Caixa Econômica Federal (CEF), primeiro banco a lançar o produto, tem apenas 11.688 contas abertas, número inferior às expectativas da instituição. A CEF possui 9,15 milhões de correntistas na caderneta de poupança tradicional. O Bradesco, maior banco privado do país, abriu apenas 147 contas, que totalizam saldo de R$ 507 mil. A situação é ainda pior no BCN, que lançou sua Poupança Casa Própria em janeiro e até agora não conseguiu que nenhum cliente optasse pelo investimento. Criada em agosto do ano passado pelo governo federal, a poupança vinculada prevê a concessão de financiamentos habitacionais após a realização de depósitos por um período mínimo de 36 meses. O produto não tem atraído poupadores por dois motivos básicos, segundo especialistas do setor. O primeiro deles seria a falta de uma cultura de obtenção de benefícios a longo prazo entre os poupadores brasileiros. O outro se relaciona ao seu baixo rendimento. A poupança vinculada rende o mesmo que as poupanças tradicionais, com a desvantagem de ter menor liquidez, pois, se o poupador movimentar o dinheiro, perde direito ao financiamento. Além disso, outras aplicações financeiras, como os CDBs, continuam com rendimento superior. "Se um cliente me pergunta onde o seu dinheiro vai render mais, tenho de falar a verdade", diz Sueo Hirota, gerente do departamento de aplicações do BCN. O outro produto lançado em 95, o programa Carta de Crédito da CEF, possui poucos recursos e é destinado a população de baixa renda -entre R$ 300 e R$ 1.200. Os R$ 717 milhões que o governo liberou no ano passado para o programa foram suficientes para a concessão de 66.042 financiamentos -a maioria destinada à reforma ou ampliação da casa-, com valor médio de R$ 10,8 mil. Já os financiamentos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) praticamente inexistem e os bancos relutam até mesmo em abrir linhas de crédito com juros altos, como as carteiras hipotecárias. Bradesco e Itaú estão com suas linhas de crédito fechadas. Apenas Banco Mercantil, Banco de Boston, Citibank e Bamerindus estão oferecendo financiamentos pelo SFH e pela carteira hipotecária. Poucas novidades sinalizam mudanças nessa situação. A captação de recursos no exterior é uma delas. Mas, até agora, apenas o Banco de Boston lançou financiamentos desse tipo (leia texto abaixo). Texto Anterior: Condomínio perde parabólica Próximo Texto: SBPE custeia 24% menos Índice |
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