São Paulo, domingo, 10 de março de 1996 |
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Texto de "Pluft" é melhor que montagem
MÔNICA RODRIGUES COSTA
Em suas peças, nenhum ator fica desocupado ou inadequado em cena. Com peripécias variadas, a trama permite que o elenco se sobressaia, mesmo que seja de qualidade média ou iniciante. É o caso, por exemplo, de Pierre Bittencourt, garoto que faz o papel de Pluft. A atriz experiente Isadora de Faria, a Mãe Fantasma, dá suporte às cenas com o garoto e deixa Bittencourt à vontade para representar o fantasminha que tem medo de gente e oferece pastéis de vento a Maribel (Thais Dall'agnol). A menina foi aprisionada pelo pirata Perna-de-Pau (Guilherme Uzeda), e, na aventura, Pluft e três marinheiros amigos ficam com a missão de resgatá-la. Além de mãe e filho, os marinheiros (André Chiaramelli, Antonio Velloso e André Capuano) são os personagens mais simpáticos. O texto de Pluft foi escrito em 1955, mas se mantém atual. Maria Clara privilegia a imaginação e o humor. Pluft é um fantasma que vive num mundo próprio, com sua família -a mãe e o tio Gerúndio. É um mundo análogo ao dos seres humanos, mas só provoca prazer e diverte. Como em outros textos da autora, não há a preocupação com ensinamentos, como a transmissão de uma conduta moral, presente nos contos de fada ou nas fábulas, ainda que Maria Clara recrie personagens clássicos -bruxas e lobos. O trabalho dos fantasmas é assustar gente. Eles vivem em casas (abandonadas) e navios e falam ao telefone. São engraçadas as cenas em que a mãe de Pluft conversa ao telefone com a tia Bolha, com ruídos onomatopaicos que inventam uma comunicação do além. Em "A Menina e o Vento", peça de Maria Clara, dirigida por André Garolli e que esteve em cartaz no ano passado, o assunto da trama principal também não diz respeito, diretamente, à vida real. Uma menina torna-se amiga do vento e passeia em sua cacunda. O tema é a liberdade, só que tratada, com leveza, sem o tom enfadonho dos ensinamentos. A diferença entre as montagens está no cuidado cênico. "A Menina e o Vento" evidencia o esforço de criar uma cenografia original. Já "Pluft, um Fantasminha Camarada", com direção e cenografia de Paolino Raffanti, não tem essa preocupação. É correto, mas não revela criatividade. Raffanti vem montando o musical "Saltimbancos", que sofre do mesmo problema. O texto é bom, os atores são bem dirigidos, mas não há cuidado com cenário e figurinos, com uma linguagem renovada e contemporânea. Suas duas montagens parecem antiquadas. Peça: Pluft, um Fantasminha Camarada Direção: Paolino Raffanti Elenco: Pierre Bittencourt, Isadora de Faria, Thais Dall'agnol, Guilherme Uzeda e outros Onde: Teatro Itália (av. Ipiranga, 344, tel. 257-3138) Quando: Sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 10,00 Texto Anterior: Mube terá Louvre e MoMa Índice |
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