São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Quanto dura o real?

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A duração do efeito positivo de marketing do Plano Real divide governo e oposição.
O governo é Fernando Henrique Cardoso. Oposição, é a única que existe no momento, o senador José Sarney.
Para FHC, o efeito positivo da derrubada da inflação durará ainda muito tempo. Vai lhe render um segundo mandato, pensa.
Para José Sarney, esse efeito é mais efêmero, passageiro. "Depois de um ano ou pouco mais as pessoas começam a aumentar as suas expectativas. Ninguém mais vai lembrar da inflação alta", diz Sarney a amigos.
Com inflação baixa, argumenta Sarney, o brasileiro passa a sonhar com salário maior, emprego garantido e um nível de vida melhor. Coisas que, acha o senador, o Plano Real terá dificuldades de oferecer neste ano.
É difícil saber qual dos dois, FHC ou Sarney, está certo. É um tema para os institutos de pesquisa.
Enquanto a informação científica não vem, o fato é que a análise de Sarney serviu um pouco para que o ex-presidente, hoje senador e futuro candidato a presidente, se lançasse tão avidamente contra o governo FHC.
No xadrez que já se formou pela sucessão de FHC tudo é feito com 98 na cabeça. Não interessa a congressistas nem ao presidente apenas o bem do país. Isso, um detalhe, é sempre um subproduto. Política é assim.
Para José Sarney, passou o "momentum" do real. A moeda estabilizada já serviu a FHC. E ao PMDB.
Agora, quem bater no presidente não vai mais ser prejudicado, pensa Sarney. O eleitor não verá nesses ataques, necessariamente, um ataque ao real.
Pela lógica sarneysista, o PMDB já extraiu do governo FHC tudo o que podia. Agora, é melhor um distanciamento crítico.
Dentro do PMDB já cresce a noção de que perder ministros não faz diferença. Afinal, os ministérios estão morrendo de fome, quase sem dinheiro para fazer obras eleitoreiras.
A reforma ministerial vem aí.

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