São Paulo, domingo, 10 de março de 1996
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Saiba quando leilão é bom negócio

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dou-lhe uma, dou-lhe duas... Essa frase, normalmente ameaçadora, também atrai os pequenos empresários. Para eles, os leilões permitem comprar equipamentos por preços entre 30% e 50% mais baixos que os do mercado de usados.
Os leilões de máquinas e equipamentos não oferecem conforto ou tratamento vip, mas são uma forma de o empresário com pouco capital encontrar oportunidades.
Todo leilão é uma grande encenação, mas o iniciante não deve ficar amedrontado. O ambiente é predominantemente masculino. Muitas correntes de ouro, gesticulações, gargalhadas e tapinhas nas costas.
Ir com um telefone celular é fundamental, mesmo que seja somente para "fazer cena". Durante o pregão, o leiloeiro "canta" o lote, dá o preço mínimo e chama a platéia para dar lances.
Esta, por sua vez, responde com lances rápidos -gritos, braços estendidos ou apenas um sinal de dedo ou de cabeça. Ao final, ouve-se o leiloeiro: "vendido por tal valor."
Liezer Belenzier, 30, da Belenzier Auto Center, arrematou em um leilão um torno para ferro por R$ 3.150 e uma balança por R$ 500.
Acostumado ao ambiente, ele afirma que pagou "um bom preço" pelos equipamentos, apesar de não saber precisar qual o valor cobrado pelos mesmos no mercado.
Belenzier diz, no entanto, que é preciso atenção aos comerciantes de máquinas usadas, que "muitas vezes puxam o preço para não deixar o interessado comprar".
"O leilão é sempre um bom negócio, tanto para quem quer comprar como para quem quer vender", diz o leiloeiro Fernando Lay, 46, há 21 anos no ramo, dono da Fernando Lay Leiloeiros Oficiais.
"Os produtos podem ser comprados por cerca de 50% do preço praticado no mercado de máquinas usadas", diz Rodrigo Sodré Santoro, 26, do escritório Sodré Santoro Leiloeiro Oficial e Rural.
Para Antonio Carlos Santos Frazão, 51, leiloeiro desde 1983, esse percentual só é atingido na venda de móveis de escritório. "Em máquinas e equipamentos, a diferença em relação ao mercado, em média, é de 30%", afirma.
Santoro diz que a vantagem para os empresários é que podem comprar "direto da fonte", sem a participação de intermediários.
Dicas
A primeira providência para quem quer participar de um leilão é acompanhar a publicação dos editais em jornais.
Todos os bens arrematados em leilão devem ser pagos à vista. Sobre o valor, deve ser acrescentado 5% de comissão para o leiloeiro.
O total de comissão que o leiloeiro recebe é de 10%, já que a empresa que está vendendo os bens em leilão recebe apenas 95% do valor arrematado.
Maria Botelho, 36, diretora substituta da fiscalização de leiloeiros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, diz que em todo o Estado existem 307 leiloeiros cadastrados, sendo que apenas 278 já tomaram posse no cargo.
Segundo ela, ao participar de um leilão, é preciso que o empresário peça uma nota de compra de bem em leilão, comprovando a origem do produto.

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