São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Villeneuve surpreende a Fórmula 1

Hill vence na Austrália

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL*

Mais do que equilíbrio, a Fórmula 1 encontrou um ídolo ontem em Melbourne. Importado da Indy, o canadense Jacques Villeneuve brilhou na pista de Albert Park.
O piloto de 24 anos chegou em segundo na prova de abertura do Mundial 96 da categoria.
Depois de obter a pole e a volta mais rápida do GP da Austrália, o canadense foi obrigado a ceder a vitória ao companheiro Damon Hill, a cinco voltas da bandeirada.
O Williams de Villeneuve não suportou o ímpeto do piloto que estreava na categoria e apresentou uma queda na pressão do óleo, que fez o motor Renault fumar.
"O time gritava para mim pelo rádio e achei que havia alguma coisa errada. Quando as luzes vermelhas do painel começaram a piscar, percebi que tinha de baixar a velocidade", explicou.
Até então, Villeneuve deu um show. Mesmo quando errou, na volta 35, e saiu da pista. Controlou o carro, voltou ao asfalto e não permitiu a ultrapassagem a Hill, que vinha colado em sua traseira.
No pódio, Villeneuve e o terceiro colocado Eddie Irvine, da Ferrari, acabaram sendo mais aplaudidos que o próprio vencedor. Mais do que a falta de carisma de Hill, ficou evidente a ânsia do público pela renovação.
A grande estrela dos campeonatos anteriores, o bicampeão mundial Michael Schumacher, padeceu com um vazamento do fluído de freio de sua Ferrari.
Foi obrigado a abandonar, após 32 voltas, depois de compensar com sua habilidade as deficiências do carro italiano. Antes de fazer sua primeira parada nos boxes, ao completar 19 voltas, foi o único a acompanhar as duas Williams.
O pódio do companheiro, o segundo da carreira do irlandês na F-1, provou, no entanto, que a Ferrari tem condições de evoluir.
Gerhard Berger (Benetton), Mika Hakkinen (McLaren) e Mika Salo (Tyrrell) também pontuaram, mais pelo fato de terem levado seus carros até o final.
O brasileiro Rubens Barrichello, que largou em oitavo e vinha fazendo uma corrida regular -chegou a ocupar a quinta colocação-, teve problemas com o motor Peugeot de seu Jordan e abandonou na metade da prova.
Os outros dois brasileiros na competição, o estreante Ricardo Rosset (Arrows) e Pedro Paulo Diniz (Ligier), completaram a corrida na nona e décima colocações, respectivamente.
Com a vitória, Hill igualou o recorde de seu pai, o bicampeão mundial Graham Hill, que venceu 14 provas em sua carreira -mesmo número de Emerson Fittipaldi e Jack Brabham.
O vice-campeão de 94 e 95 sai na frente na corrida pelo título da temporada. Mas já percebeu que terá no companheiro um rival muito maior que imaginava.
"Jacques mostrou que é um grande piloto e que terei um ano duro pela frente."

* Com agências internacionais

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