São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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Brasileira é "fã número 1" na Argentina

LUIZ FERNANDO AZEVEDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Larissa alugou apartamento em Buenos Aires e com teens argentinos dá plantão no hotel de Madonna

Brasileira é 'fã número 1' na Argentina
Dedicação total, é o lema que os teens argentinos, fãs de Madonna adotaram desde que a cantora chegou ao país em 20 de janeiro, para as gravações do filme "Evita", do inglês Alan Parker.
Mas apesar de as filmagens estarem acontecendo na Argentina, o título de fã mais ardorosa é de uma brasileira. Larissa de Mello, 17, convenceu a família a passar uma temporada em Buenos Aires, só para poder acompanhar de perto os passos da "ídola".
Com uma tia, Larissa alugou um apartamento a 20 minutos do hotel Hyatt, onde Madonna está hospedada. Diz que o pouco que conhecia de espanhol ajudou a fazer amizade com os outros fãs.
Por outro lado, o bom domínio do inglês ajudou Larissa a se aproximar de membros da produção. Além de garantir privilégios como frequentar o hotel Hyaat, já que é uma das hóspedes, Larissa é a única que sabe com antecedência a programação das filmagens.
"Aqui todo mundo tem inveja do jeito extrovertido de Larissa", confessa Alejandra Luduena, 16, presidente do maior fã clube de Madonna na Argentina, o Lucky Star, com cerca de 4.500 associados só em Buenos Aires.
Alejandra e outros teens argentinos montaram um verdadeiro quartel-general em frente ao hotel.
"A gente passa o dia inteiro na porta do hotel e não consegue ver Madonna. A Larissa consegue quase tudo o que quer", diz Carmem, sem disfarçar a ponta de inveja.
Para Larissa vale até tomar emprestado os vestidos chiques e o sapato alto da tia para entrar no hotel "disfarçada de adulta". "Entro no restaurante do hotel e peço o que tem de mais barato", explica. "Depois é só esperar alguém da produção e puxar papo em inglês", completa.
Mas os teens portenhos não devem nada à brasileira no quesito persistência. Cantam noite e dia, dormem em qualquer lugar e dividem despesas de táxi para não perder de vista a cantora.
Quando Madonna sai, ou pelo menos, uma das dez limusines contratadas pela produção para despistar os fãs, deixa o hotel, grupos de táxi tumultuam o trânsito de Buenos Aires em perseguições.
"Há três semanas durmo apenas duas ou três horas por noite", conta Alejandra. Ela e sua trupe se revezam na porta do hotel em busca de informações e fofocas.
Quem mora longe e não tem grana para o ônibus e o almoço, acaba dormindo na calçada mesmo. Daniel Borghi, 17, é um desses. Ele dormia sobre o parapeito de um viaduto ao lado do hotel havia quatro dias, sem voltar para casa e nem sequer tomar banho. Perguntado sobre sua família, foi taxativo: "Minha família é Madonna".
Para Alejandra, "Madonna está tomada pelo espírito de Evita". "Ela está descobrindo que as duas tiveram muito em comum", diz Alejandra, que estuda numerologia. "O número delas é o mesmo: nove. As duas tiveram infância pobre e uma passagem traumática com o pai", explica.

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