São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Aliados pressionam, e governo decide suspender retaliações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados pressionaram, e o governo recuou e desistiu de punir com demissão de apadrinhados deputados governistas que votaram contra o texto da Previdência. Mas há pressão por retaliações.
O governo havia decidido demitir apadrinhados nomeados por parlamentares rebeldes.
Com as demissões, avaliou o comando político do governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso corria o risco de perder mais votos na segunda tentativa de votar as mudanças no sistema de aposentadorias.
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), pretende votar o novo texto, agora de Michel Temer (PMDB-SP), até o dia 20 deste mês.
O Planalto aposta numa reversão da derrota sofrida na quarta-feira passada, quando 88 parlamentares da base governista votaram contra o substitutivo do deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM).
A avaliação feita ontem, cinco dias após a derrota, é otimista.
Mesmo desistindo das demissões por enquanto, o governo não arquivou por completo a idéia de retaliar os parlamentares infiéis.
A regra ditada pelo presidente é a seguinte: os políticos receberão do Planalto a mesma dose de "solidariedade" que manifestarem ao governo.
Casa Civil
O comportamento de cada parlamentar é acompanhado pela assessoria parlamentar do Planalto, subordinada ao chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e pelo secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
As pressões por uma reforma ministerial também foram contidas por FHC.
A Folha apurou que o presidente mantém o compromisso de abrir espaço ao PPB.
Mas isso só ocorrerá no final do primeiro semestre, quando os ministros que quiserem disputar as eleições municipais se afastarão dos cargos.
Deputados do PMDB ligados ao governo pressionam Temer, líder do partido, a retirar do deputado José Priante (PMDB-PA) a presidência da Comissão de Economia da Câmara.
Estava acertado na bancada que os três presidentes de comissão teriam que acompanhar a posição do líder nas votações polêmicas.
Priante votou contra o governo na reforma da Previdência, contrariando orientação de Temer.
Priante disse ontem à Folha que foi confirmado no cargo por Temer um dia após a votação.
"Tenho a palavra empenhada do líder. Não acredito nesta história. Não é por aí que o governo vai conseguir a maioria."
O deputado antecipa, porém, que poderá mudar de posição na próxima votação, desde que o projeto também mude.
PTB
No PTB acontece o inverso. O Palácio do Planalto ameaçou demitir apadrinhados políticos dos deputados Vicente Cascione (SP) e Paulo Heslander (MG).
O líder da bancada, Pedrinho Abrão (GO), afirma que "os cargos não são dos deputados. São do partido".
"Não fui consultado nem informado sobre as retaliações. Se isso vier a acontecer, o partido tem de ser informado", afirmou Abrão.

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