São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Em Brasília

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

À distância, em Stanford, em Berkeley, onde quer que esteja falando, "como sociólogo", Fernando Henrique não tira o pensamento de Brasília.
Segundo o SBT, ele "criticou os partidos brasileiros", ontem nos Estados Unidos. Por aqui, os partidos brasileiros estavam às voltas com as retaliações que ele próprio deixou.
O secretário-geral do PTB ameaçou, na CBN, com "a possibilidade de o partido sair do bloco de sustentação do governo". Ele é deputado por Minas e sua mulher está com o cargo na Telemig ameaçado, depois que ele votou contra a reforma da Previdência.
Mas a confusão, ontem como sempre, estava concentrada era no PMDB. Também como sempre, em momentos assim, o que não faltou no partido foi "convicção", ontem.
"Não transijo com as minhas convicções", dizia de um lado, a diversas emissoras, Paes de Andrade, o presidente do partido. Ele também votou contra a reforma.
"Assinamos por convicção", dizia de outro lado, na Voz do Brasil, o senador paranaense Roberto Requião. Ele apoiou a CPI dos Bancos.
José Sarney, peemedebista do Amapá, não chegou a falar em convicção, mas mandou dizer de Portugal, via CBN, que não manipulou a criação da CPI e a derrota da reforma.
E mais, para quem estranhou a exclusão do governo Sarney no período a ser investigado, "podem investigar o sistema financeiro desde a época do Império que nada vão achar" contra ele, Sarney.
Sarney estava "irritado", segundo uma descrição, porque Fernando Henrique deixou para trás o boato de que o seu governo, dele, José Sarney, "favoreceu" um banco.
Para acrescentar confusão, surgiu aquilo que o pefelista Inocêncio Oliveira chamou ontem de "golpe de mestre", a indicação do peemedebista Michel Temer para relator da reforma da Previdência.
Não é nada, não é nada, tal fascínio por Brasília escondeu na televisão mais um mês de demissões na indústria.

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