São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Guitarrista Ronnie Earl toca em SP

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos mais refinados e versáteis guitarristas brancos de blues atende pelo nome de Ronnie Earl e sobe ao palco do Bourbon Street Music Club, em São Paulo, nos dias 16 e 17 de março.
Nascido em Nova York, em 1953, Earl é conhecido no meio blueseiro como "Mister Intensity" (senhor intensidade). Esse apelido se deve à carga emotiva que o guitarrista empresta ao instrumento.
Ouvi-lo é ter a certeza de estar diante de um músico que encara cada nota como a última da sua vida. E é uma intensidade que dispensa ajuda oral.
Em seus quatro últimos trabalhos, Earl, que não canta, deixou de lado os vocalistas convidados.
Antes de começar a entrevista, ele pediu licença para diminuir o volume do seu aparelho de som, que disparava um solo feroz de guitarra sobre uma base suingada de piano.
"Estava ouvindo um novo álbum que gravei com o pianista Pinetop Perkins."
Esse disco vai se chamar "Passing the Torch" e deve estar nas lojas dos Estados Unidos em setembro.
Dono de um estilo eclético que funde em doses díspares os fraseados de B.B. King, Albert Collins, T-Bone Walker e Stevie Ray Vaughan, Earl não sabe dizer se tantas fontes inspiradoras tornaram mais difícil o desenvolvimento de um vocabulário musical próprio.
"Acho que em 22 anos de carreira já forjei meu estilo. Você tem razão quando lista minhas influências, exceto no caso de Vaughan. Se ele estivesse vivo, teria mais ou menos a minha idade. Acho que eu o influenciei muito mais do que fui influenciado por ele."
Essa será a segunda vez que Earl vem ao Brasil. Na primeira, no Nescafé & Blues Festival de 1994, ele dividiu o palco com o guitarrista Robben Ford.
Apesar do estilo moderno, quase roqueiro de Ford, Earl roubou aquela noite e arrancou os aplausos mais calorosos.
"Aquilo não foi uma vitória do blues tradicional sobre o moderno, pois música não é esporte. Quem pensa assim deve aprender e entender melhor a música. Apesar de o mundo ser competitivo, nós músicos devemos apenas nos concentrar em nossos dons e nunca tentar ser melhor do que ninguém."
Quem for ao Bourbon vai poder se orgulhar de ser um dos primeiros a ouvir músicas do novo trabalho de Earl, "Grateful Heart", lançado nos EUA quarta-feira da semana passada.
O guitarrista, que diz ter se livrado da dependência de álcool e drogas há sete anos, acabou virando um dependente do trabalho.
Além do último trabalho próprio e do disco com Pinetop Perkins, Earl acabou de gravar o CD "Blues Union" com o guitarrista norte-americano Joe Beard.
A discografia de Earl disponível no Brasil é extremamente tímida. Dos 30 discos que gravou -como músico principal ou convidado-, apenas o ótimo e quase totalmente acústico "I Like It When It Rains" (Eldorado) está em catálogo.
Quem gosta de blues vai sair do Bourbon sem entender a omissão das gravadoras nacionais.

Show: Ronnie Earl & The Broadcasters
Onde: Bourbon Street Music Club, r. dos Chanés, 127, Moema, zona sul, tel. (011) 5561-1643 e 542-1927.
Quando: sábado (16 de março) e domingo (17) às 21h30
Ingressos: de R$ 30 a R$ 45, no sábado, e de R$ 25 a R$ 35, no domingo.

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