São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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EUA mandam navios para Taiwan

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Navios norte-americanos se aproximavam ontem de Taiwan para monitorar exercícios militares chineses próximos à ilha e tentar intimidar a China.
O governo chinês advertiu os EUA para que não interfiram na crise entre China e Taiwan.
O porta-aviões Nimitz partiu do golfo Pérsico rumo a Taiwan para reforçar a frota na região, segundo o jornal "The Washington Post".
A China realiza exercícios militares próximo a Taiwan desde a sexta-feira passada. Hoje, inicia exercícios que vão usar munição como em situação real de guerra.
A China quer forçar a reunificação com a ilha, que considera "rebelde". Em 1949, os nacionalistas perderam a guerra civil para os comunistas e fugiram Taiwan.
"Taiwan é parte da China e não um protetorado dos Estados Unidos", disse o chanceler chinês, Qian Qichen. "Se forças estrangeiras invadirem Taiwan, não ficaremos sem reagir."
A China deslanchou sua ofensiva com medo das eleições presidenciais de Taiwan no próximo dia 23. O atual presidente, Lee Teng-hui, deve vencer o pleito, e Pequim o acusa de promover a independência de Taiwan.
Com declaração de independência, Taiwan renunciaria ao objetivo de reunificação. A China anunciou que vai invadir Taiwan caso a ilha declare independência.
Lee Teng-hui nega defender a independência. Mas condiciona a reunificação à democratização da China. Com a pressão dos testes militares, o governo chinês espera que os eleitores de Taiwan não votem no presidente Lee Teng-hui, mas apóiem candidatos com linha favorável a Pequim.
A China classificou o pleito do dia 23, a primeira eleição direta para presidente na história de Taiwan, como um evento dominado "pela máfia e dinheiro".
Qian Qichen (pronuncia-se tchian tchitchen) afirmou que a crise poderia ser evitada se Taiwan desistisse de reivindicar um lugar nas Nações Unidas.
Taiwan deixou a ONU em 1971, quando o regime comunista obteve reconhecimento internacional. Busca sair do isolamento diplomático e não planeja desistir da campanha por um lugar na ONU.
Navios norte-americanos da sétima frota se posicionam em águas internacionais próximas a Taiwan. O porta-aviões Independente, acompanhado pelo destróier Hewitt e pela fragata McClusky, está a leste da "ilha rebelde".
O cruzador Bunker Hill está ao sul de Taiwan, com a tarefa de monitorar os testes chineses que usam mísseis. O Japão ajudou os EUA a pressionar a China. O país, que tem ilhas próximo à região, disse em mensagem a Pequim que os exercícios "não são um bom sinal".
Reflexo da incerteza na economia, o principal índice de cotação de ações em Taiwan caiu 2%.
O governo pediu o fim do "pânico comprador", ou seja, da corrida para comprar dólar.

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