São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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ACM decide facilitar aprovação do Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) desistiu de colocar obstáculos à aprovação do empréstimo externo para o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
ACM vai enviar hoje ao plenário parecer favorável preparado pela supercomissão que investigou o projeto militar.
Insatisfeito com o resultado das negociações para a venda do Banco Econômico, o pefelista ameaçava dificultar o andamento do projeto no Senado.
Com a perspectiva de a situação do banco baiano ser resolvida, o senador mudou de posição.
"Acho que as coisas estão tendo um andamento razoável", disse ACM à Folha, referindo-se ao provável fechamento do acordo de venda do Econômico ao Excel na próxima semana, com a reabertura das agências no início de abril.
O senador afirmou que vai enviar hoje o parecer da supercomissão para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Entretanto, segundo ACM, o plenário da Casa deverá votar somente na próxima semana o relatório das investigações, quando chegam da Alemanha alguns líderes partidários.
O Senado deverá tomar uma decisão final sobre o projeto em abril. Isso porque, ao chegar ao plenário, o parecer deverá receber emendas, que serão analisadas pela supercomissão.
Na avaliação de aliados do Palácio do Planalto, o governo tem maioria folgada para se sair vitorioso nessa última fase de andamento do projeto no Senado.
O governo considerava a resistência de ACM, presidente da supercomissão, o último obstáculo para tirar o Sivam do papel.
O empréstimo externo para o projeto, orçado em USŸ 1,4 bilhão, foi aprovado com folga pela supercomissão em fevereiro, mas precisa ser referendado pelo plenário.
ACM havia prometido encaminhar o parecer no início de março, mas acabou mudando de posição, ameaçando reabrir as investigações em torno do projeto.
Na semana passada, o senador havia dito que queria examinar o inquérito sobre a escuta telefônica da Polícia Federal que deu início à crise do Sivam antes de tomar qualquer decisão sobre o caso.
No "grampo", o então chefe do cerimonial do Palácio do Planalto, Júlio César Gomes dos Santos, dizia ao representante da Raytheon no Brasil, José Assumpção, que iria interferir em favor da empresa.
"Recebi do Ministério da Justiça o inquérito e vou submetê-lo à supercomissão", afirmou ontem o pefelista baiano.

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