São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Maciel articula a aprovação de patentes

MARTA SALOMON; PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto da nova Lei de Patentes será objeto hoje de uma planejada demonstração de força do governo no Congresso Nacional -uma semana depois da derrota no projeto de reforma das aposentadorias.
A pedido do presidente interino, Marco Maciel, a Câmara vota hoje o projeto. Deverá ser o desfecho de um debate que já dura cinco anos no Congresso e conta com o empenho pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A operação foi acertada ontem, durante um almoço em homenagem a Maciel com a cúpula do PFL na casa do deputado Ney Lopes (RN), relator do projeto. Para apressar a votação, Lopes escreveu o relatório em menos de 24 horas.
Repercussão externa A idéia defendida pelos pefelistas é permitir que FHC anuncie a aprovação do projeto no início de seu último dia da viagem ao Japão. Os governistas apostam em um grande impacto externo do resultado.
O projeto que reconhece a propriedade industrial ainda é um dos principais contenciosos nas relações do Brasil com outros países, principalmente os Estados Unidos.
Se o projeto conseguir os votos da maioria dos parlamentares presentes ao plenário hoje, FHC poderá faturar a demonstração de força política no Congresso e uma reversão da derrota sofrida no projeto de reforma da Previdência Social, provocada, em grande parte, pelos próprios aliados do governo.
Ontem, a liderança do PT apresentou um requerimento à direção da Câmara para adiar a votação de hoje. Foi derrotada por 262 votos, contra 82 de apoio.
Para o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), a derrota do PT é uma demonstração de que o governo sairá vitorioso da votação de hoje.
Marco Maciel é um defensor radical do projeto que permitirá, segundo ele, o fim da "pirataria industrial". Durante o almoço, ele disse que telefonará a FHC no Japão para informar sobre a votação.
Mudanças O relator manteve as principais mudanças propostas pelo Senado. Disse que o projeto está ajustado às principais recomendações da Organização Mundial do Comércio.
O encontro de lideranças políticas em torno de Maciel serviu para um balanço da base governista no Congresso. A avaliação é otimista em relação às chances do governo de aprovar uma nova fórmula de reforma da Previdência.
No Senado, o governo ainda não dá como garantido o bloqueio da CPI dos bancos. O PFL fez a sua parte. Decidiu não indicar representantes para a comissão, mas pediu pressa na apuração de fraudes.
No almoço de ontem foi servido um cardápio típico do Rio Grande do Norte, terra do anfitrião: carne de sol de Caiocó, queijo do sertão e peixe arabaiana.
(MARTA SALOMON E PAULO SILVA PINTO)

Participaram do almoço de ontem o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, os líderes na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE) e no Senado, Hugo Napoleão (PI), o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, os ministros Gustavo Krause (Meio Ambiente), Raimundo Britto (Minas e Energia) e Nelson Jobim (Justiça), e o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos.

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