São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Empresas prometem demitir lixeiros

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas que fazem a coleta de lixo de São Paulo ameaçam demitir hoje os coletores em greve há três dias. Se seguirem recomendação feita pelo prefeito Paulo Maluf, serão dispensados pelo menos 1.200 dos 12.000 funcionários.
Maluf se reuniu com os empresários que fazem a coleta de lixo e pediu a eles que hoje fossem demitidos de 10% a 15% dos grevistas. No fim do mês, Maluf sugeriu a dispensa de "outro tanto", até que se normalize a coleta.
O presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana, Augusto Carvalho Alves, afirmou ontem que hoje vai publicar anúncio nos jornais convocando candidatos e pedindo à população que não coloque o lixo nas ruas enquanto a situação não for normalizada.
"Entendemos que a pressão do prefeito Paulo Maluf é legítima. Ele quer o melhor para São Paulo. Nós sabemos que o pedido do prefeito não tem amparo legal, mas ele é o comandante da cidade e quem nos contrata. Nós vamos atender a recomendação", disse Alves.
São Paulo gera diariamente 13 mil toneladas de lixo, sendo 9.000 toneladas domiciliares, 2.500 toneladas hospitalares e o restante industrial.
Em dois dias de greve, estima-se que deixaram de ser recolhidas pelo menos 7.000 toneladas de lixo domiciliar. A coleta de lixo hospitalar segue normalmente.
O sindicato dos trabalhadores recebeu a ameaça de demissão com indiferença, de acordo com o secretário-geral Edgar Clementino.
"É pressão. Pela lei, ele não pode demitir uma categoria em greve. Ninguém é louco de pagar tantas indenizações de uma vez só", afirmou Clementino.
O movimento grevista, segundo patrões e empregados, atinge cerca de 70% e 80% da coleta de lixo.
Os bairros mais atingidos ontem foram os da zona sul e toda a região central da cidade, onde não houve coleta. As zonas oeste, leste e norte de São Paulo tiveram recolhimento de lixo muito próximo dos dias normais.
O prefeito Paulo Maluf ameaçou ontem processar os coletores de lixo por possíveis inundações causadas por entupimento dos bueiros pelo lixo. "O sindicato será responsabilizado pelas inundações e terá de pagar os prejuízos causados à população e os custos pela limpeza dos bueiros", disse Maluf.
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) ainda não marcou nova audiência para decidir as reivindicações dos coletores de lixo.

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