São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Motoristas informarão CET sobre o trânsito

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) quer criar uma legião de "vigilantes" entre os motoristas da cidade que têm celulares para ajudar no monitoramento do trânsito.
A idéia, de acordo com o presidente da CET, Gilberto Lehfeld, é ter cerca de 5.000 colaboradores do trânsito, como ele define os vigilantes, que são voluntários.
O programa está em fase de implantação e começou há menos de um mês com um grupo de 30 pessoas do Rotary Club de São Paulo, que idealizou o projeto.
"Armados" de seus celulares, os vigilantes informam a CET sobre eventos que atrapalhem o trânsito.
Se há um acidente grave e um vigilantes passa pelo local, por exemplo, ele pára o carro em um local seguro e liga para um telefone exclusivo da CET. "Em seguida, mandamos um operador para o local", disse Lehfeld.
Quem quiser colaborar com a CET basta ligar para o telefone 194 e passar os seus dados. Feito isso, a pessoa é cadastrada, recebe um código, um livreto com detalhes de quais casos ele pode informar e um número de telefone, que é não é divulgado para evitar trotes.
Segundo Lehfeld, experiência parecida foi feita em Houston, nos Estados Unidos, há algum tempo.
Problemas
Apesar do curto período de funcionamento, a CET já detectou alguns problemas em sua nova rede de informantes.
Segundo Edélcio Meggiolaro, 38, coordenador da central de operações da CET, a maior parte das 12 ligações que recebeu não diz respeito a problemas nos grandes corredores de trânsito da cidade e nas ruas próximas, e, por isso, não se enquadra no programa.
Além disso, alguns vigilantes estão confundindo suas funções, pensando que são fiscais.
"As pessoas sempre derrapam um pouquinho quando há algo novo. Por isso, precisamos fazer alguns pequenos ajustes no programa. Mas acho que vai dar certo", afirmou Meggiolaro.
'Trânsito caótico'
O administrador de empresas Carlos Barros de Moura, 45, presidente da comissão de trânsito do Rotary Club de São Paulo, afirmou que a idéia de criar um grupo de colaboradores do trânsito surgiu no meio do ano passado.
"O trânsito de São Paulo é totalmente caótico. Temos mais é que colaborar", afirmou.
Moura disse que expôs o projeto em uma reunião do Rotary de Buenos Aires, que gostou da idéia e deve aplicá-la na capital argentina.
Como vigilante, Moura, no entanto, ainda não estreou. "Feliz ou infelizmente, ainda não presenciei algo que fosse um caso para ligar."
Empolgada
A agente de viagens Vera Prandini, 54, está empolgada com a função de vigilante do trânsito. Ela disse ter ligado cinco vezes para a CET, quase todas eram casos de estacionamento proibido.
"Sei que meu trabalho é uma gotinha no oceano, mas se todo mundo colaborar a coisa melhora", afirmou Vera. Ela disse que perde menos de cinco minutos para passar uma ocorrência.
"Toda vez que vejo alguma irregularidade ligo, mas não sei quais providências foram tomadas. Acho esse trabalho muito importante, apesar de não saber qual é o retorno."
Meggiolaro, coordenador da central de operações da CET, afirmou ter enviado um operador para cada chamada recebida.

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