São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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George Lucas contra-ataca em busca de US$ 5 bilhões

THALES DE MENEZES
DA REDAÇÃO

O cineasta e produtor de cinema George Lucas, 52, está preparado para se tornar o homem mais poderoso e influente de Hollywood nos próximos quatro anos.
Até o fim do século, o principal investimento do cinema nos EUA será a nova trilogia com histórias da série "Guerra nas Estrelas".
Os filmes (dois saem antes do ano 2000) e todos os produtos relacionados aos personagens podem render até US$ 5 bilhões.
Cumprindo um ritual há mais de dez anos, Lucas dá entrevistas em apenas quatro dias do ano, por telefone. Ele falou à Folha de um dos escritórios da Lucasfilm, em Los Angeles. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
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Folha - Como será a nova trilogia de "Guerra nas Estrelas"? Qual é a trama e que tipo de filme o público deve esperar?
George Lucas - O melhor cinema que pudermos fazer. Sei que tenho alguns dos melhores profissionais em todas as fases da produção dos filmes. Todos na Lucasfilm estão desafiados a mostrar o melhor.
Quanto à história, não dou entrevistas sobre isso. Confirmo apenas que a trama acontece antes dos fatos narrados na primeira trilogia. Os novos filmes mostram a juventude de Darth Vader e sua passagem para o lado escuro da força.
Não falo também sobre nomes do elenco ou da equipe principal atrás das câmeras.
Folha - Qual o segredo do sucesso de "Guerra nas Estrelas"?
Lucas - Acho que a trilogia tem muitas qualidades, mas não me sinto a pessoa indicada para falar disso. No entanto, credito a longevidade do sucesso dos filmes ao carisma dos personagens.
Luke e Han Solo não são apresentados como heróis infalíveis. São gente comum. Podem ser viajantes do espaço, mas são viajantes do espaço bem ordinários. Han Solo é um caminhoneiro intergaláctico. Acho que os fãs se envolvem com os personagens porque percebem que esses se tornam heróis por força das circunstâncias.
Eu gosto desses personagens, muito mais do que a história, como ela foi contada na trilogia. Há muitos problemas de roteiro ali.
Folha - Agora o público não vai sentir falta de Luke Skywalker, Han Solo e seus amigos?
Lucas - Sem dúvida. O grande desafio é apresentar agora personagens tão poderosos quanto os da trilogia original. Não sei como o público vai reagir ao Darth Vader jovem, lutando pelo bem.
Folha - Por que a continuação da série demorou tanto?
Lucas - Porque ficou mais difícil lançar um projeto desses. Quando rodei "Guerra nas Estrelas", eu apenas me preocupava com o filme. Minhas grandes dúvidas eram restritas a este ou aquele enquadramento. Hoje é muito mais complicado. Você roda o filme pensando no "making of", nos brinquedos que reproduzirão os personagens, no CD-ROM, nos videogames... É muita coisa.
Folha - Quanto dinheiro está envolvido nisso?
Lucas - Não sei como responder isso. Posso falar apenas do custo de confecção dos produtos, que deve passar de US$ 400 milhões, mas não se trata do custo total de produção. Isso incluiria os gastos com publicidade, que são incalculáveis nessa fase de pré-produção. Quanto isso vai render? Acho que alguma quantia entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões.
Folha - Criar tipos tão populares lhe deu o título de "Disney do fim de século". Como você reage?
Lucas - É uma tremenda bobagem, mas não deixa de ser uma bobagem muito amável.

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