São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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Globopar ameaça deixar a sociedade na Multicanal

Família Marinho está insatisfeita como sócia de TV por cabo

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Globopar, da família Roberto Marinho, pode se retirar da empresa de TV paga por cabo Multicanal, da qual é acionista minoritária, com 30% das ações.
Insatisfeita por estar desempenhando apenas o papel de sócio capitalista, sem interferir na gestão da Multicanal, a Globopar, há cerca de 20 dias, ofereceu suas ações na Multicanal aos sócios controladores: o empresário Antônio Dias Leite Neto e o fundo de investimento GP Garantia.
Pelo acordo de acionistas da Multicanal, numa situação como esta os controladores precisam comprar as ações oferecidas pelo sócio descontente. Caso contrário, eles terão de vender o controle da empresa para a família Marinho.
A iniciativa da Globopar foi confirmada à Folha pelo vice-presidente da Multicanal, Luiz Cláudio Souza. Ele disse que os acionistas controladores estão tentando impedir a saída da Globopar, que foi procurada pela reportagem e não se pronunciou sobre o assunto.
Segundo o executivo da Multicanal, a Globo se sentia "desconfortável" por ter uma participação pequena na gestão da empresa e, por este motivo, lançou mão da cláusula contratual chamada "shot-gun", que estabelece as regras para saída dos sócios.
Luiz Cláudio Souza afirmou que a Globo é uma parceira estratégica para a Multicanal porque, dos três sócios, é ela quem domina a tecnologia de televisão.
"Nós entendemos o desconforto da Globo e estamos oferecendo a ela maior participação nas decisões estratégicas da empresa."
Até o final da tarde de ontem, a direção da Multicanal estava certa de que conseguiria chegar a um acordo com a família Marinho e avaliava que as chances de rompimento eram de, no máximo, 5%.
"Não há a hipótese de nos desfazermos do controle", afirmou. Ele não revelou o preço das ações em mãos dos Marinho.

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