São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Fokker fecha após 77 anos de atividade

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Fokker, pioneira mundial na fabricação de aviões, encerrou ontem seus 77 anos de história. A empresa holandesa, sediada em Amsterdã, fechou por não conseguir reverter sua grave crise financeira. A empresa devia US$ 2,4 bilhões em janeiro.
Na maior demissão coletiva que se tem notícia na história da Holanda, 4.700 empregados receberão, hoje, aviso prévio. Os sindicatos só conseguiram, até ontem, lamentar o fato.
Os últimos atos da agonia da empresa começaram no final de janeiro, quando a sócia alemã, a Dasa (subsidiária do grupo Daimler-Benz) cortou os créditos que alimentavam a Fokker, desistindo do negócio.
A empresa holandesa iniciou, então, uma caça a possíveis compradores. conversou com a canadense Bombardier, sem sucesso. Foi buscar na China e na Coréia do Sul dois possíveis interessados.
A chinesa Avic (China Aviation Industries Corporation) desistiu do negócio neste mês.
Já a sul-coreana Samsung Aerospace (subsidiária do forte grupo Samsung, fabricante de componentes eletrônicos), alimentou as esperanças da Fokker.
Em negociações que se arrastaram até o início da manhã, a Samsung resolveu desistir sem dar maiores detalhes. A empresa afirmou apenas que o tempo era por demais exíguo para apresentarem uma proposta fechada.
Nova empresa
A Fokker conseguirá salvar algumas unidades que não compõem as atividades principais da empresa. As unidades são: Fokker Space (serviços aeroespaciais), Fokker Elmo (de equipamentos para uso militar), Fokker Aircraft Services (manutenção de aeronaves) e Fokker Special Products (componentes eletrônicos).
As quatro serão fundidas em uma nova empresa, a Fokker Aviation, que receberá cerca de 900 dos 5.664 funcionários das unidades fechadas. As unidades fundidas empregam 2.500 funcionários.
Segundo a Fokker, esta é a parte boa da empresa que não estava endividada. A Fokker Aviation deverá faturar em poucos anos US$ 607 milhões.
Os empregados demitidos receberão salário até 22 de março. O governo holandês montou uma central especial de atendimento para auxiliar estes trabalhadores a encontrarem novos postos.
Eles também contarão com um seguro desemprego governamental que soma USŸ 18 milhões e outros US$ 3 milhões do Fundo Europeu para o Desemprego.
A Fokker vai entregar as 70 aeronaves que estão que foram encomendadas por clientes. Para isso, manterá 350 funcionários trabalhando na linha de montagem.
Com a Fokker Aviation, a empresa garantirá a continuidade da assistência técnica, bem como peças de reposição, para as 1.130 aeronaves Fokker que voam pelo mundo.
O desafio da nova empresa criada a partir do que restou da Fokker é encontrar um parceiro para fortalecer sua posição no mercado.
Reflexos
Não serão só os empregados da Fokker a sofrer com a falência das principais unidades da empresa. O reflexo já está sendo sentido na Irlanda do Norte, onde a principal empregadora do país, a Short Brothers, já avisou que demitirá pelo menos 700 trabalhadores.
A Short Brothers fabrica peças e componentes de aviação e tinha na Fokker uma das suas principais clientes. A empresa irlandesa é responsável pelo fornecimento de asas para alguns modelos Fokker.
A Short Brothers emprega 6.800 pessoas e prevê que o número de demissões por conta da falência da Fokker poderá chegar a 1.500.

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