São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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China anuncia ações a 20 km de Taiwan

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China anunciou ontem nova etapa de exercícios militares, que será realizada numa região a cerca de 20 km de Taiwan. Trata-se, na atual crise, da maior demonstração de força do regime comunista, que busca intimidar a ilha vizinha e ignora apelos internacionais em favor da diminuição da tensão entre China e Taiwan.
Previstos para começar segunda-feira e durar uma semana, os testes serão um dos mais próximos a Taiwan já realizados pela China. Vão participar Exército, Marinha e Aeronáutica.
Na quinta-feira, os EUA anunciaram ter recebido da China a garantia de que ela não planeja atacar Taiwan. Navios norte-americanos se aproximaram de Taiwan para monitorar os exercícios chineses e tentar fazer Pequim recuar de sua estratégia de pressionar a ilha.
A China quer forçar a reunificação com Taiwan. A separação veio em 1949, quando os comunistas venceram a guerra civil e os nacionalistas se refugiaram na ilha de Taiwan.
No dia 23, Taiwan realiza suas primeiras eleições presidenciais diretas. A China teme a vitória do atual presidente, Lee Teng-hui, quem acusa de ter um plano secreto para declarar a independência de Taiwan e assim renunciar ao objetivo da reunificação.
Lee Teng-hui diz defender a reunificação, mas a condiciona à democratização da China. Na campanha eleitoral, ele prega a resistência à pressão da China e tem conseguido subir nas pesquisas com seu discurso anti-Pequim.
Os exercícios vão ocorrer durante a eleição. A China espera que os eleitores de Taiwan se assustem com a possibilidade de uma invasão e apóiem um candidato dócil a Pequim em vez de Lee Teng-hui.
A China promete invadir a "ilha rebelde" caso ela declare independência. Iniciou a ofensiva de exercícios militares a 8 de março, com o disparo de três mísseis, etapa encerrada ontem.
Na terça-feira, navios e aviões deslancharam uma bateria de testes com duração de oito dias e uso de munição real.
A China advertiu que navios e aviões devem evitar uma zona a 20 km de Wuchiu, ilha que pertence a Taiwan. A área será palco principal dos exercícios.
Jornais de Taiwan especularam sobre a possibilidade de a China invadir Wuchiu, que abriga uma população de apenas seis pessoas. Seria um ato de baixo custo militar e forte mensagem quanto à disposição do regime de Pequim.
Taiwan iniciou o dia de ontem em clima menos tenso, por causa das declarações dos EUA de que a China não iria atacar. Mercado de ações e de câmbio deu sinais de reação. Mas a calma no país recuou com anúncio de novos testes militares chineses.

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