São Paulo, domingo, 17 de março de 1996 |
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Zinco ajuda crianças com baixa altura
JAIRO BOUER
Esse efeito vem sendo observado nas crianças que têm uma deficiência de crescimento do tipo constitucional (têm potencial genético para crescer, mas contam com uma velocidade de crescimento muito lenta). O zinco promove a liberação do hormônio de crescimento (GH) e facilita sua ação sobre o organismo. Além disso, ele melhora o paladar, o olfato e o apetite. Um estudo recente realizado no departamento de endocrinologia do Hospital das Clínicas da USP mostrou que 30% das crianças pesquisadas aumentaram 50% o seu ritmo de crescimento quando começaram a tomar zinco. Berenice de Mendonça, coordenadora do ambulatório de gônadas, intersexo e crescimento do HC-USP, diz que não é possível saber se o zinco aumenta a altura final das crianças ou se ele simplesmente acelera uma fase de crescimento que está atrasada. No entanto, segundo Berenice, os especialistas já sabem que, quanto mais tarde começa a fase de crescimento, menor poderá ser a estatura que a criança alcança. Daí o benefício de se usar o zinco precocemente. A partir da puberdade, os hormônios sexuais passam a fechar progressivamente as cartilagens dos centros de crescimento ósseo e limitam a ação do GH e do zinco. Trabalho semelhante realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) pelo endocrinologista José Brandão Neto, um dos pioneiros nas pesquisas com o zinco no Brasil, confirma os resultados do estudo do HC-USP. Segundo Brandão Neto, a impressão que se tem é que as crianças que estão pequenas "desabrocham" com o uso do zinco. Vivian Estefan, do departamento de endocrinologia do HC-USP, adverte que o zinco não é nenhuma fórmula milagrosa de crescimento. Segundo ela, o metal é mais uma opção terapêutica, que deve estar aliada a outros fatores que estimulam a liberação de GH, como uma nutrição rica em proteínas, um bom padrão de sono e exercícios físicos regulares. A melhor fase para iniciar o tratamento com o zinco é a pré-puberal ou logo no início da puberdade (em geral, aos 8 anos nas meninas e aos 9 nos meninos). Não existem efeitos colaterais ou riscos de toxicidade com zinco. Para evitar irritação no estômago, os comprimidos devem ser tomados após as refeições. Alimentos protéicos como carnes, leites, ovos e peixes são ricos no metal. Nos dois primeiros anos de vida, na adolescência (fase de crescimento acelerado), na gestação e na lactação, as necessidades diárias de zinco aumentam. A pessoa deve comer mais alimentos protéicos ou tomar os comprimidos. Texto Anterior: Mulheres invadem o kung-fu Próximo Texto: Desnutrição traz deficiência Índice |
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