São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Mulher monta serviço 'feminino' de táxi

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você quiser ofender as fundadoras da Associação Feminina de Rádio Táxi do Estado de São Paulo, a primeira do gênero no país, basta repetir aquela famosa frase, muito vista em pára-choque de caminhão, que diz: "Mulher ao volante, perigo constante".
"Isso não é verdade. A mulher tem mais cuidado ao dirigir. O homem é mais afoito", diz Terezinha Araujo, taxista há 19 anos e presidente da associação.
Terezinha espera inaugurar até o próximo sábado seu inédito serviço de rádio táxi feminino. O negócio vai se chamar Lady Taxi e atenderá pelo telefone (011) 844-0859.
"Por lei, não podemos proibir a entrada de homens na cooperativa. Seria preconceito. Mas acho que nenhum vai se sentir à vontade para participar", diz Terezinha.
Hoje, 28 mulheres já estão associadas à Lady Taxi. Terezinha espera chegar a 150 motoristas. Segundo ela, há 2.000 mulheres cadastradas como taxistas em São Paulo.
Uniforme
Maria Aparecida Gomes da Silva, taxista há sete anos, idealizou o uniforme das associadas: saia ou calça social azul marinho, camisa branca e lenço azul em torno do pescoço. "Me inspirei na roupa das aeromoças", diz ela.
A Lady Taxi, cujo símbolo é um brasão de nobreza, espera atender a empresas e, no varejo, ao público feminino. "Muitas vezes, a passageira tem medo do taxista e a taxista tem medo do passageiro. A nossa cooperativa resolve esse problema", diz Nadir Aparecida de Oliveira, taxista há sete anos.
Todas contam que foram obrigadas a transportar seus filhos, quando bebês, enquanto trabalhavam. "Só tive problemas uma vez. Saí para levar minha filha, já grandinha, na lanchonete e, no caminho, não resisti e peguei um passageiro. Ele não gostou muito", diz Nadir.
Seguro
Uma pesquisa feita pela Itaú Seguros entre os seus clientes mostra que os homens batem com o carro muito mais do que as mulheres.
Homens com menos de 25 anos batem duas vezes mais do que mulheres com mais de 35 anos, segundo Heitor Ohara, da Itaú Seguros.
O conserto das batidas dos homens custa 20% a mais do que os reparos das batidas femininas.
Por isso, um seguro da empresa é oferecido com desconto maior para mulheres.

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