São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Vigia mata garota e se torna evangélico

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

Há um ano, em uma cela superlotada da 19ª DP (Delegacia de Polícia), o ex-vigia Fernando Nepomuceno, 25, aguarda ser julgado pela morte da dinamarquesa Alice Christiansen, 19, cujo corpo foi jogado por ele em uma cisterna.
Nepomuceno é um dos 120 presos na delegacia, cuja carceragem tem capacidade para 60 pessoas. Na última terça-feira, ele disse à Folha que se arrepende do crime e que se converteu à Igreja Universal do Reino de Deus.
"A Universal é perseguida como eu. Quanto mais perseguida, melhor", disse o ex-vigia, escalado pela empresa clandestina Golden Men para trabalhar em um edifício de classe média na Tijuca (zona norte), onde cometeu o crime.
A firma, de propriedade da viúva de um delegado, está prestes a ser legalizada pela Comissão de Vistoria da Polícia Federal. Na época, não tinha registro. Nepomuceno disse que nunca recebeu treinamento para ser vigilante.
Na madrugada de 26 de fevereiro de 1995, domingo de Carnaval, a estudante dinamarquesa chegou ao edifício da Tijuca. Ela participava de um intercâmbio do Rotary Club e morava no apartamento de um major da Polícia Militar.
Ao falar à Folha na carceragem da 19ª DP, o ex-vigia negou ter estuprado a estudante. "Nós discutimos, eu estava cheio de cerveja na cara. Acabei com a minha vida e de minha família", afirmou.
Crime
Nepomuceno, que trabalhou um ano e oito meses na Golden Men, estrangulou a jovem e jogou o corpo na cisterna do edifício.
A síndica do prédio, que pediu para não ser identificada, disse que os condôminos ficaram tão traumatizados que não aceitam mais contratar seguranças. Na casa do major que hospedava a dinamarquesa, todos evitam o assunto.

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