São Paulo, domingo, 17 de março de 1996 |
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Banco do Brasil substitui BC no mercado
GUSTAVO PATÚ
Na crise cambial do ano passado, por exemplo, o BB atuou no mercado comprando dólares que depois foram repassados às reservas do BC. O BC estava, então, em uma enrascada: havia descredenciado alguns bancos por irregularidades cometidas durante a mudança desastrada da política cambial. Se fizesse os necessários leilões no mercado, o nome dos descredenciados viria à tona. Fase pós-Econômico Mais recentemente, com os problemas do sistema bancário após a intervenção no Banco Econômico, o BB passou a emprestar dinheiro aos bancos que não conseguiam recursos no mercado. Não fosse a ajuda do BB e da CEF (Caixa Econômica Federal), o BC seria obrigado a socorrer bancos por meio de sua linha de assistência financeira, e o dinheiro injetado apareceria em documentos oficiais -dessa forma, a intranquilidade do mercado seria maior. Ainda no governo Itamar Franco, a atual equipe econômica aproveitou a ajuda do BB para se livrar de uma grande dor de cabeça na renegociação da dívida externa, sem a qual seria muito mais difícil lançar o Plano Real. Dívida externa Em abril de 94, quando foi fechado o acordo da dívida externa, a família norte-americana Dart -um dos maiores credores- recusava-se a participar da renegociação proposta pelo governo brasileiro. Os Dart são credores de US$ 1,4 bilhão em títulos antigos da dívida brasileira. Isso os tornaria os maiores credores internacionais desses títulos, com direito a impor as regras em futuras negociações. O BB, maior credor internacional do governo, deixou de trocar US$ 1,5 bilhão dos US$ 5,5 bilhões em títulos da dívida externa que possui. Se tornou, então, o maior credor dos papéis antigos, desbancando os Dart. Ninguém no governo comenta a decisão do BB. Afinal, os Dart estão acionando judicialmente o Brasil, argumentando que o banco agiu sob orientação governamental. Gigante Os números do BB explicam como um banco financeiramente frágil -teve prejuízo de R$ 4 bilhões em 95, como mostrará o balanço a ser divulgado nesta semana- consegue fazer operações mais semelhantes às de um banco central. Em termos de ativos -patrimônio e direitos- o BB é um gigante de R$ 61 bilhões, o equivalente a mais de dois Bradescos (R$ 25 bilhões) ou três Itaús (R$ 19 bilhões), os maiores bancos privados segundo os balanços de junho de 95. No mercado, é o líder no mercado de câmbio, em número de correntistas e em operações de empréstimos. Possui cerca de 5.000 agências e, presidido por Paulo Ximenes, busca novas áreas de atuação, como previdência privada. Seus problemas financeiros são conhecidos: sofre com o calote dos produtores rurais e do governo federal. Os agricultores renegociaram recentemente R$ 7 bilhões. O governo federal protela um pagamento de R$ 6 bilhões ao BB, dívida contraída a partir dos anos 80. Desse total, R$ 4,1 bilhões já foram reconhecidos pelo Tesouro Nacional, que, entretanto, deverá entregar títulos de longo prazo ao BB. Texto Anterior: Inflação cai e reduz receita Próximo Texto: Socorro diário alcança R$ 2 bilhões Índice |
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