São Paulo, segunda-feira, 18 de março de 1996 |
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Não é preciso convencer, afirma Leôncio
ESPECIAL PARA A FOLHA Nas democracias de massa contemporâneas, o candidato que pretende vencer uma eleição deve simplesmente se adaptar ao eleitorado e não tentar convencê-lo.Essa idéia-síntese norteou a fala do cientista político Leôncio Martins Rodrigues, da Unicamp, durante o primeiro dia do seminário "Marketing Político e Marketing de Governo", promovido pela Folha e pela Faculdade Anhembi Morumbi nas noites de segunda e terça-feira, no auditório do jornal. Ao contrário do que ocorreu com o fascismo em suas versões italiana ou alemã, quando o fundamental era convencer a população de que havia uma causa a ser abraçada, disse Leôncio, "hoje não se trata de convencer ninguém, mas de adular o eleitor, falar aquilo que ele quer ouvir, planejar cada ato segundo as disposições da maioria", sustentou. Democracia e massas Essa mudança no jogo eleitoral, que é contemporânea ao nascimento do marketing político como atividade profissional nos Estados Unidos, se explica, diz Leôncio, por dois fatos complementares. Um é a consolidação da democracia como forma de governo, e o outro é o surgimento das massas na cena política. Ambos teriam se consolidado após a Segunda Guerra Mundial. "Entre a propaganda fascista e o marketing político das democracias há muitas diferenças. No segundo, o que importa é a manipulação através da forma e não da substância", disse o professor da Unicamp. Atores e produtores A idéia de Leôncio, partilhada hoje por vários cientistas políticos, é de que a política como debate ideológico acabou e foi substituída por uma espécie de jogo espetacular, cujos atores são os políticos e os produtores são os publicitários encarregados de vender seus "produtos-candidatos". O ex-ministro das Comunicações do governo Figueiredo, Said Farhat, que debateu na terça-feira, reiterou o que disse Leôncio. Ele afirmou que "o que faz alguém ganhar uma eleição é a sua imagem, e a construção dessa imagem é o objeto do marketing político. Isso envolve tudo o que se faz para qualquer produto". Texto Anterior: Debate defende gastos com propaganda Próximo Texto: FRASES Índice |
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