São Paulo, segunda-feira, 18 de março de 1996
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Crise eleva a procura por títulos públicos

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Títulos públicos. É nessa direção que caminha o dinheiro dos bancos, de fundos de investimentos e já de algumas empresas.
A opção pode ser justificada pela rentabilidade. Segundo Sérgio Gabrielli, do Banco de Boston, o juro do CDB, garante um rendimento equivalente a 97,5% do CDI (taxa dos negócios entre bancos) e um título público pode render até 100%.
A opção pode ser também explicada pelo medo da inadimplência. "Os bancos não estão mais emprestando e não existe mais a necessidade de captar recursos em CDB", afirma Renê Aduan, diretor-geral do Banco Real.
Segundo Oswaldo de Assis, vice-presidente do Banco Itamarati, "ficar com dinheiro em caixa e emprestá-lo ao BC (Banco Central) tornou-se em uma decisão relativamente simples".
Afinal, o BC não só determina o tamanho do juro como também quanto a taxa pode variar.
Optar por títulos públicos significa decidir pelo menor risco e reflete a extrema cautela do mercado.
É que os bancos perceberam, como afirma Assis, que, "dentro desse modelo de estabilização, quando o crescimento pressiona a balança comercial, o governo não pensa duas vezes: faz o que for preciso para derrubar a atividade".
O que for preciso até agora, na falta do chamado ajuste fiscal, tem sido cortar crédito e elevar juros.
Com exceção das fraudes, as quebras de bancos são explicadas por problemas na carteira de empréstimo do que, como alega o governo, pela queda das receitas por conta da inflação menor.
Assim, em cadeia, a inadimplência gerou instabilidade, que quebrou empresas e, depois, bancos.
Os investidores responderam essa crise concentrando suas aplicações nos bancos considerados "inquebráveis".

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