São Paulo, segunda-feira, 18 de março de 1996
Próximo Texto | Índice

André Ribeiro conquista a Rio 400

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Só uma rima expressa o resultado do primeiro GP de Indy no país. O brasileiro André Ribeiro venceu ontem a prova no Rio de Janeiro.
O êxito na Rio 400, segunda vitória da carreira do piloto de 30 anos, selou o predomínio dos motores Honda neste ano na categoria.
Após vencer a prova inaugural, dia 3, com Jimmy Vasser, o fabricante japonês dominou o final de semana carioca, mantendo-se o mais veloz em todos os treinos.
Neles, o destaque foi o italiano Alessandro Zanardi, que largou na pole position, mas mostrou que, como estreante na Indy, não está preparado para vencer corridas. Terminou em quarto.
Ribeiro não foi o único piloto nacional a brilhar. Christian Fittipaldi largou na última (27ª) posição do grid, pois não participou do treino oficial após bater o carro no sábado. Chegou em quinto.
Sete dos oito brasileiros que participaram da prova chegaram na zona de pontuação, entre os 12 primeiros colocados.
Apenas Mauricio Gugelmin, que abandonou com problemas de freios e roda, não pontuou.
Sucesso na pista, mas não tanto fora dela. A Rio 400 teve público de 30 mil a 35 mil pessoas, segundo estimativa da PM. Para a organização, foram 55 mil presentes no autódromo Nelson Piquet. Havia 70 mil ingressos à venda.
Na sexta-feira, os organizadores da prova anunciaram que 52 mil ingressos haviam sido vendidos.
O sol, que, como o público, era esperado com maior intensidade, também não compareceu. A prova transcorreu com o céu nublado, o que aliviou o calor na pista.
A audiência da TV, em compensação, foi recorde. A medição instantânea do SBT indicou que a prova começou com 10 e acabou com 21 pontos, a maior média de uma prova de Indy na TV brasileira.
Se a vitória de André Ribeiro consagrou a corrida do Rio, a organização deixou a desejar. Com o carro do brasileiro ainda rodando, após a bandeirada de chegada, a pista foi invadida por torcedores.
Houve, ainda, tumulto na entrada dos três primeiros colocados na sala de imprensa para a entrevista coletiva após a corrida.
Lá dentro, André Ribeiro desempenhava outra vocação, além de pilotar: o marketing pessoal.
E, aí, sobraram elogios ao público, à corrida e, citação obrigatória, a Ayrton Senna, último brasileiro numa categoria de ponta a vencer uma prova no país até então.
"O Ayrton foi o último a ganhar, mas existem diferenças enormes entre nós. Pessoas como ele são insubstituíveis. Eu continuo aprendendo muito com o que ele fez", disse o piloto da Tasman.
Ribeiro elogiou até os rivais. "Presto muita atenção no Al Unser Jr., ele sabe largar atrás e chegar na frente", disse, sobre o segundo colocado na prova de ontem.
"Sete brasileiros entre os 12 melhores é uma homenagem ao público. Eu mesmo já vibrei com as vitórias do Piquet, do Ayrton e do Emerson", afirmou.
No pódio, prestou outra homenagem ao público levantando uma bandeira brasileira. Cantou trechos do Hino nacional com a torcida e rebolou para a platéia.
Jogou também alguns bonés para os torcedores que se aproximaram do pódio. Ganhou deles, então, nova rima: "André, joga o boné".
O resultado da corrida levou o norte-americano Scott Pruett, terceiro colocado ontem, à liderança do campeonato, com 26 pontos, seguido por Jimmy Vasser, 25, Al Unser Jr., 21, André Ribeiro, 20, e Gil de Ferran, 19.
Ferran, aliás, frustrou seu plano de sair do Rio líder da competição. Um problema no tanque de seu carro o deixou sem combustível quando liderava a prova. Teve de se contentar com o 10º posto.

LEIA MAIS sobre a Rio 400 na pág. 8

Próximo Texto: Piloto dirige 'carro de boneca'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.