São Paulo, segunda-feira, 18 de março de 1996
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País nunca viveu regime de colônia

Unificação data do século 14

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DO ENVIADO ESPECIAL À TAILÂNDIA

Talvez eles tenham vindo da China, talvez tenham se originado no próprio território tailandês, migrado para a China e retornado às origens, sob pressão de Kublai Khan e seus mongóis.
Certo é que foi no norte da atual Tailândia onde se fixaram as primeiras comunidades do povo thai, a seguir transformadas em reinos.
O primeiro deles, criado em 1238, chamava-se Sukhothai. Chiang Rai foi constituído em 1281 e Chiang Mai, em 1296.
A região, por essa época, ainda vivia sob forte presença de mons e khmers -originários do atual Camboja, país que teve forte influência indiana, com a adoção do budismo e do sânscrito como língua das elites.
Foram eles os primeiros povos "indianizados" a ocupar a atual área da Tailândia. Desde o início da era cristã, missões indianas foram enviadas ao sudeste asiático.
Datam do século 4º objetos hindus encontrados em assentamentos humanos no sul da Tailândia.
A herança cultural e religiosa de mons e khmers é ainda hoje visível, seja na arte budista do período Dvaravati (do século 6º ao 11), cultivada pelos primeiros, seja na construção de templos, em que se notabilizaram os segundos.
Foi, portanto, ao longo do século 13 que os reinos tailandeses passaram a ter papel preponderante na região, em contraste com a decadência de mons e khmers.
A unificação dos reinos aconteceu no século 14, situando-se a capital em Ayutthaia -destruída no final do século 18, numa guerra contra a antiga Birmânia.
Uma nova monarquia, de origem militar, foi instalada no país e a capital transferida para Bancoc.
Motivo de orgulho para os tailandeses, o país, ao contrário de seus vizinhos de continente, jamais esteve submetido ao status colonial.
Seus dirigentes souberam praticar uma incensada diplomacia, explorando rivalidades européias e evitando a ocupação do reino.
Data de 1932 o fim da monarquia absoluta e a instalação de um regime constitucional. O atual rei, Bhumibol, que completa agora 50 anos no trono, presenciou uma série de distúrbios políticos, que ainda marcam a vida tailandesa.
Em 91, um golpe militar suspendeu a constituição e levou ao exílio o primeiro-ministro. Em 92, novas eleições conduziram ao poder um aliado dos militares, logo destituído sob acusação de ligações com o narcotráfico.
O substituto, outro general, despertou reações. Uma série de protestos aconteceram no país, culminando, em maio de 92, num ataque a manifestantes, com a morte de uma centena de pessoas.
O massacre levou o rei a intervir e promover a conciliação, permitindo ao país, nos últimos anos, a necessária estabilidade.
(MAG)

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