São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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Título da dívida externa sobe 2,43%

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O C-Bond, o mais negociado título da dívida externa brasileira, fechou cotado a US$ 0,5813, com alta de 2,43%.
O investidor tirou da cabeça a imagem do caos iminente, formada depois de duas derrotas importantes do governo no Congresso.
Como o caos não veio -o governo, aparentemente, está conseguindo contornar a CPI e, mesmo mitigada, deve aprovar alguma reforma da Previdência nesta quarta-feira-, o preço ficou baixo e voltaram a aparecer compradores.
O juro dos títulos norte-americanos de 30 anos também está assustando menos o investidor. Da última semana para cá, embora mais alto, ele tem ficado menos volátil.
O BC (Banco Central) deve vender no dia 22 o chamado "samurai bond" (títulos emitidos no mercado japonês). A expectativa é que o "samurai" seja negociado por uma taxa equivalente a 3,5% ao ano, mais o juro pago pelos títulos do Tesouro norte-americano.
O juro de 3,5%, portanto, representaria o chamado "risco Brasil".
Só que o IDU, outro título da dívida externa, está sendo negociado pagando o equivalente a 5,8% ao ano mais o juro do título dos EUA.
A diferença entre os 3,5% e os 5,8%, como já concluiu o mercado, mostra que os títulos da dívida estão baratos mesmo.
Até porque o chamado "risco Brasil" não mede se a economia está crescendo ou não. Mede mesmo é a capacidade de pagamento do país. E o Brasil tem aproximadamente US$ 55 bilhões em reservas (o caixa em moeda forte).
As nuvens do caos também continuaram se dissipando nas Bolsas. A paulista fechou com alta de 0,7%.
O volume negociado, de R$ 210,153 milhões, é pequeno e mostra que o investidor estrangeiro continua ausente do mercado.
O investidor local trabalha, porém, com a expectativa da volta dos estrangeiros caso a reforma da Previdência seja mesmo aprovada. Está procurando se antecipar.
Nos mercados de juros e câmbio, foi um dia de tranquilidade.
O dólar passou o dia no "piso" da minibanda, o que mostra que o fluxo foi positivo. Até as 18h30, os computadores registravam um ingresso líquido (entradas menos saídas) de US$ 117 milhões.
Para manter a minibanda, o BC foi até obrigado a comprar dólares.

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