São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996 |
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Mortos por hemodiálise chegam a 21
VANDECK SANTIAGO
Em pelo menos sete mortes (incluindo as duas de ontem), a causa mais provável foi identificada como intoxicação motivada pelo excesso de cloro na água utilizada no tratamento da hemodiálise. Segundo a secretaria, não está descartada a possibilidade de o mesmo motivo ter causado a morte de outros pacientes. IDR nega O IDR nega ter responsabilidade no problema do excesso de cloro na água, afirmando que a recebia da Compesa (companhia de saneamento do Estado, responsável pelo fornecimento de água à clínica). O diretor-regional da empresa em Caruaru, Judas Tadeu Alves de Souza, rebateu com o argumento de que a água era enviada sem cloro, a pedido do próprio instituto. "Até esse momento não temos confirmação de nada", disse ontem em Recife a diretora do Departamento de Epidemiologia da Secretaria, Christianne Holmes, que está à frente do caso. Seis outros pacientes que receberam tratamento no IDR e que foram transferidos para outra clínica estão com os mesmos sintomas dos sete que morreram supostamente por intoxicação: convulsões, náuseas e sangramento. As duas pessoas que morreram ontem foram Paulo Jorge da Silva, 63, e Maria Lúcia Feitosa Freire, 52. O secretário da Saúde, Jarbas Barbosa, determinou a criação de uma comissão para analisar cada uma das 21 mortes. A comissão deve começar a trabalhar hoje e terá um prazo de 15 dias para apresentar um relatório sobre a situação. No último dia 13 o secretário Barbosa interditou o setor de hemodiálise do IDR e determinou a transferência dos 126 pacientes de lá para a Clínica de Nefrologia e Urologia, também em Caruaru (130 km de Recife). O governador Miguel Arraes (PSB) orientou o secretário para que fosse rigoroso no caso. Um inquérito policial para investigar as mortes foi aberto na semana passada na delegacia da cidade. Ontem, o delegado Flávio Torreão disse que iria solicitar a exumação dos corpos. Ele já ouviu parentes das vítimas (que, segundo o delegado, acusaram o IDR de negligência) e até sexta-feira pretende tomar os depoimentos de diretores do IDR e de funcionários da Compesa. O promotor João Tibúrcio de Freitas, de Caruaru, também está acompanhando o caso e disse que, "assim que estiver com os dados necessários", vai apresentar denúncia ao Ministério Público. O Conselho Regional de Medicina enviou uma equipe ao IDR na semana passada e hoje divulga um relatório sobre o caso. Próximo Texto: 'É uma chacina', diz delegado Índice |
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