São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Cursinho da Poli-USP é despejado

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Despejado dos prédios da Escola Politécnica da USP, o cursinho da Poli -um dos únicos gratuitos no país- ainda não sabia ontem onde vai oferecer aulas neste ano.
Hoje é a data marcada para o início do ano letivo de 300 dos 560 alunos matriculados. As aulas deveriam ter começado no dia 7, mas foram adiadas com o despejo.
Há dois anos, o cursinho tem um problema semelhante ao que a reitoria vem alegando para o fechamento para o público da Cidade Universitária aos finais de semana.
"O CTA (conselho administrativo da faculdade) acha que a Poli existe para atender aos alunos da Poli", diz o diretor da Escola Politécnica, Célio Taniguchi, 57.
Segundo ele, "os alunos do cursinho não são universitários e acabam criando problemas". Por exemplo: a Poli não tem cursos à noite, mas, por causa do cursinho, tinha que manter a infra-estrutura funcionando das 19h às 23h.
Trabalho social
O curso é um dos mais bem-sucedidos trabalhos sociais feitos por estudantes da USP. Para as 560 vagas -300 à noite durante a semana e 260 aos sábados- concorreram neste ano 5.052 pessoas.
No vestibular de 1995, aprovou 28,3% de seus alunos na USP, Unesp, Unicamp ou Fatec-SP.
O programa foi iniciado em 1987 e é mantido com o dinheiro das inscrições para a prova de seleção (R$ 30 por pessoa). No início de 95, a direção do Grêmio se comprometeu a desocupar as salas em 96.
"Estávamos com o mesmo problema de não ter onde começar as aulas e só assinamos o documento por pressão", diz o presidente da entidade, Gilberto Giusepone, 25.
"Mas nós achamos que o Cursinho da Poli tem que funcionar na Poli, mesmo. É uma atividade promovida por alunos daqui."
Aurélia Lopes de Campos, 20, ex-aluna do cursinho, hoje estudante da Fatec-SP e funcionária do Grêmio, afirma que concorreu ao Cursinho da Poli porque "não teria como pagar um particular".
"Agora eu quero lutar para manter esse trabalho", diz.
O reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, afirmou ontem, pela sua assessoria de imprensa, que apóia a decisão da direção da Poli.

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