São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Pelé evita Congresso na lei do passe
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Em reunião realizada em São Paulo, ontem, o Conselho, baseado no artigo 26 da Lei 8672/93 (Lei Zico), decidiu promulgar até o dia 30 de junho deste ano uma nova resolução sobre o assunto. O artigo diz que ao Conselho Deliberativo cabe "fixar o valor, os critérios e condições para o pagamento da importância denominada passe". Graças a essas duas linhas da Lei Zico, o Conselho, que é encabeçado pelo Ministro do Esporte, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, evita que o assunto seja discutido no Congresso Nacional. "Na minha concepção, o projeto deveria ser enviado ao Congresso em 15 dias. Mas o Conselho achou melhor optar por essa nova direção", afirmou Pelé. Um dos membros do Conselho, Carlos Miguel Aidar, afirmou que a lei do passe, na verdade, é apenas uma resolução -a de nº 1086, do antigo Conselho Nacional de Desportos, que foi substituído pelo atual Conselho. "A Lei Zico diz que a nova resolução é de competência do Conselho. Não precisa passar pelo Congresso", disse Aidar. Pelé e o Indesp elaboram um pacote de modificações da Lei Zico, que está para ser enviado ao Congresso. Um dos pontos mais polêmicos, até então, era justamente a lei do passe. Vários congressistas são ligados a clubes de futebol, os maiores opositores à mudança. A reunião de ontem simplesmente achou um caminho, que não passa por Brasília. O anteprojeto da nova regulamentação será apresentado a todos envolvidos: CBF, federações, clubes, sindicatos e jogadores. "A nossa intenção é que todos contribuam. O que for pertinente, será incluído no texto final. O que não for, será desconsiderado", disse Aidar. Sobre jogadores que estariam contra as mudanças, Pelé se disse surpreso. "Mas entendo. É como no tempo da escravidão. Alguns escravos eram contra. Tinham medo que os fazendeiros não lhes dessem mais comida". A nova resolução não acabaria com o passe totalmente. Ele existiria, como carência, nos primeiros anos de profissional do jogador. A extensão desse prazo é um dos itens a ser discutido. Dentro dele, os clubes ganhariam com as transferências. Depois, os jogadores negociariam independentemente. (JHM) Texto Anterior: Missa perde para Jogos em Atlanta Próximo Texto: Pelé telefona para saudar André Ribeiro; Circuito misto do Rio passará por reformas; COI não interfere em pena de morte; Brasil e 'Dream Team' se enfrentam em julho Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |