São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Festival de Curitiba quer a vanguarda do teatro no país

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Rei Lear", com Paulo Autran, dirigido por Ulysses Cruz, ficou no caminho. Também o monólogo com Bete Coelho, de Otavio Frias Filho.
E agora acabam de ser canceladas as apresentações de "Nas Trilhas da Transilvânia", de, com e dirigido por Antunes Filho, com cenografia de J.C. Serroni.
Mas o 5º Festival de Teatro de Curitiba, que abre hoje, com "Dorotéia", apresenta outros trunfos para ser a maior edição do evento, no desejo dos três ainda jovens produtores -os criadores da mostra, cinco anos atrás.
Leandro Knopfholz, 22, o organizador do festival e um dos donos da FTC Entretenimentos, a empresa produtora, diz que "ou o festival se firmava, ou ele parava".
Apesar de ser a mostra de referência para a produção nacional em teatro, uma imagem firmada com espetáculos já consagrados em São Paulo e no Rio, o festival ainda mantinha o caráter de um painel, ou mesmo uma feira.
"Agora a gente quer sair na frente, em vez de ir atrás de São Paulo e Rio", diz Knopfholz. Daí a co-produção em alguns espetáculos, com "Nowhere Man", de Gerald Thomas, que vai trabalhar com atores de Curitiba. Daí, também, o risco de perder produções pelo caminho. "Por exemplo, 'Lear' não deu tempo de ficar pronto."
O custo, com as cinco estréias previstas, também aumentou. Este ano, patrocinado pelo governo estadual e pela Prefeitura de Curitiba, no momento com o mesmo partido, e por empresas privadas do Paraná, ultrapassou R$ 1 milhão, contra R$ 600 mil de 95.
Em cinco anos, diz Leandro Knopfholz, o festival ajudou a mudar o perfil cultural de Curitiba.
A "falta de opções" de entretenimento, que levou os três jovens produtores a criar a mostra, acabou. "Pessoas saindo, pessoas criando. O festival se adiantou. A cidade despertou."
Apesar de concentrado nas estréias, o festival abre com um dos principais espetáculos da atual temporada, no Rio. "Dorotéia", de Nelson Rodrigues, com Denise Milfond, segue com a recuperação do humor rodriguiano, marca das mais recentes montagens do autor.
É "uma farsa irresponsável", na orientação de Nelson Rodrigues, que cuida com igual ironia do desejo sexual e do moralismo. A direção é dos ainda pouco conhecidos Adriano e Fernando Guimarães.
"Lulu, Uma Dupla Tragédia" é uma montagem do Teatro de Comédia do Paraná, tradicional companhia de Curitiba, que já contou com atores como Paulo Goulart e Ileana Kwasinski. A nova peça é dirigida por Marcelo Marchioro.
"Quíntuplos", do porto-riquenho Luis Rafael Sánchez, tem Christiane Tricerri e Luciano Chirolli no elenco e direção de Maria Alice Vergueiro.
Semana que vem estréia "O Burguês Ridículo", reunião de textos de Molière, com base em "O Burguês Fidalgo". A primeira direção do diretor de televisão Guel Arraes, ao lado de João Falcão, a peça é protagonizada por Marco Nanini.
"Nowhere Man", de Gerald Thomas, com Luiz Damasceno e a Cia. de Ópera Seca, além de atores paranaenses, traz a personagem de Fausto para o fim do milênio.
"Gregório" é uma peça de ficção, inspirado na figura do líder comunista Gregório Bezerra. De Clara Góes, é dirigido por Moacyr Góes e protagonizado por Leon Góes.

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