São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Socorro ao BB aumenta a dívida pública

VALDO CRUZ; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Endividamento sobe R$ 2,3 bi com aumento de capital do Banco do Brasil, que teve prejuízo de R$ 4,2 bi em 95

O socorro do Tesouro Nacional para salvar o Banco do Brasil vai elevar a dívida pública em pelo menos R$ 2,32 bilhões. Este valor pode ser ainda maior, caso investidores privados não participem da operação como o governo planeja.
O descontrole das contas públicas é a principal ameaça ao Real. O Tesouro Nacional já acumula um rombo de R$ 3,6 bilhões em 1996.
O Tesouro ficou com a maior parte da conta na operação de salvamento do Banco do Brasil, constituída de três medidas: aumento de R$ 8 bilhões no capital do banco, quitação das dívidas de R$ 2,2 bilhões do Tesouro junto à instituição e mudanças na estrutura administrativa.
O socorro foi decidido diante das dificuldades financeiras do banco. O BB fechou o ano passado com um prejuízo de R$ 4,2 bilhões e seu patrimônio caiu a R$ 3,466 bilhões.
O banco já acumula um prejuízo de quase R$ 1 bilhão nos dois primeiros meses de 1996. Mantido esse ritmo, o patrimônio da instituição seria totalmente consumido até junho.
Divisão da conta
A conta do aumento de capital do BB ficou assim dividida: dos R$ 8 bilhões de aporte de capital, R$ 1,2 bi será injetado pela Previ -o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
A Previ mantém sua posição de segundo maior acionista do BB, com 15% do capital.
O governo quer também que outros fundos de pensão -além da Previ, seis já são acionistas do BB- entrem com mais R$ 400 milhões. Os demais sócios privados entrariam com mais R$ 1,2 bilhão.
Os R$ 5,2 bilhões restantes serão injetados pelo Tesouro, por meio de emissão de títulos públicos.
Dois dias após a operação do Tesouro, o banco terá de comprar ações de estatais pertencentes ao Tesouro no valor de R$ 2,88 bi.
Ou seja, esse montante voltaria aos cofres do Tesouro. No final, o endividamento do Tesouro seria de R$ 2,32 bilhões -a diferença entre a emissão de títulos de R$ 5,2 bilhões e a venda das ações no valor de R$ 2,88 bilhões.
Só que esse endividamento pode se elevar porque o governo decidiu que o aumento do capital do BB será de R$ 8 bilhões.
Caso os investidores privados e fundos de pensão não correspondam à expectativa, a diferença será coberta pelo Tesouro.
O governo decidiu ainda manter suspensas as operações com venda de ações do banco até amanhã. As operações serão retomadas apenas na próxima segunda-feira, quando o BB espera que todo o mercado esteja informado.

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