São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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China encerra 1ª fase de testes bélicos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A China encerrou ontem uma série de nove dias de testes militares no sul do estreito de Taiwan e diminuiu o ritmo de suas atividades militares no norte do canal.
O objetivo dos testes, que usam artilharia real, é intimidar Taiwan, que realiza no sábado suas primeiras eleições presidenciais diretas.
Taiwan e China se separaram em 1949, quando os comunistas venceram a guerra civil e os nacionalistas se refugiaram na ilha. Ambos dizem que buscam a reunificação.
Com os testes, a China tenta impedir a reeleição do presidente Lee Teng-hui, a quem acusa de buscar a independência. Lee nega, mas diz que só aceita a reunificação quando a China se democratizar.
O governo da China disse que a primeira fase de testes foi um sucesso e "demonstrou o poderio militar do país". A segunda fase, ao norte, foi interrompida novamente devido ao mau tempo.
Soldados permaneceram em suas bases esperando ordem para agir. Nos últimos dias, a China retirou a população das ilhas próximas, para evitar que disparos da artilharia aérea atinjam civis acidentalmente.
Taiwan voltou a pedir o fim dos testes. "Quem quer que esteja tentando criar um crise deveria voltar atrás", disse o premiê Lien Chen.
O próprio Lee Teng-hui desafiou a China ontem. Disse em um discurso de campanha que se sente "ainda mais decidido" a democratizar Taiwan. Ele é favorito à reeleição.
O país vem recebendo ajuda dos EUA, que enviou o porta-aviões Independence para a região, a fim de tentar intimidar os chineses.
Outro porta-aviões, o Nimitz, deixou o golfo Pérsico em direção a Taiwan. Estava ontem em frente à Malásia.
Os Estados Unidos anunciaram que vão vender mísseis Stinger e outras armas defensivas para Taiwan, mas se recusaram a vender submarinos a diesel.
A situação dos EUA nesta questão é delicada porque, diplomaticamente, Washington só reconhece a China continental, não Taiwan. Por outro lado, o governo Clinton vem realizando uma aproximação com a ilha.
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Madeleine Albright, foi à Comissão de Direitos Humanos e voltou a condenar a política chinesa na área. "A fonte principal das violações aos direitos humanos continuam sendo os regimes ditatoriais", disse, em uma alusão à ditadura comunista de Pequim.
A China diz que o envio dos navios americanos é "uma clara demonstração de força", mas diz que não vai recuar e já fez várias ameaças aos Estados Unidos.
O jornal "Wen Wei Po", pró-Pequim, de Hong Kong, entrevistou militares chineses que dizem que suas tropas levariam entre cinco e seis horas para cruzar o estreito e invadir Taiwan.
Mas especialistas em política asiática acham que a tensão não vai levar à guerra. O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, acha que Pequim não tem condições de invadir a ilha.

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