São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
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Sarney aposta em uma outra CPI do sistema financeiro

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), acha que uma nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o sistema financeiro deverá ser criada no Congresso, mista ou não. "Quando um assunto desta gravidade surge, é difícil controlar", afirmou à Folha.
Na opinião de Sarney, o governo não poderá impedir que as denúncias contra o sistema financeiro sejam apuradas pelo Congresso, mais cedo ou mais tarde. "Uma coisa destas mexe com tudo. Acaba saindo outra CPI", disse.
O senador lembrou que as duas CPIs mais importantes realizadas no país -a que apurou irregularidades na distribuição dos recursos do Orçamento da União e a que provocou o pedido de "impeachment" do ex-presidente Fernando Collor- também foram criadas somente após muitas dificuldades.
"Uma coisa destas mexe com tudo, tudo. Daqui a pouco surge outra denúncia. A CPI acaba saindo", disse Sarney.
Essa mesma opinião foi manifestada por Sarney aos representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas).
Para que uma nova CPI dos Bancos seja criada, basta que um parlamentar consiga o número necessário de assinaturas: um terço dos deputados, se for uma CPI da Câmara; um terço dos senadores, se for do Senado; e um terço das duas Casas, se for uma CPI mista.
Segundo a Mesa do Senado, não há qualquer impedimento regimental para que uma nova CPI seja criada para apurar os mesmos problemas apontados por uma anterior que não chegou a funcionar.
Sarney acha que o pânico no governo com a ameaça da CPI foi criado pelos "conselheiros políticos" de Fernando Henrique Cardoso, temendo uma "catástrofe". Para ele, não havia motivo para medo.
O senador afirmou que uma investigação do sistema financeiro não iria desestabilizar o Plano Real, fazer a Bolsa despencar ou afastar investimentos internacionais.
Para Sarney, o episódio da CPI dos bancos foi tão "grave" que deverá provocar uma mudança no relacionamento do governo com o Congresso, baseado principalmente em mais negociação.

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